O reajuste salarial de 5% para servidores públicos federais pode custar muito mais caro para o governo de Jair Bolsonaro (PL). Isso porque a medida foi recebida de forma negativa pelas forças de segurança, categoria que servia como parte da base de apoio eleitoral à gestão do presidente.
Classificado como “desapontamento” pela Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), os agentes ressaltaram que o reajuste aprovado faltará com o compromisso assumido com os policiais. Desde novembro do ano passado, discute-se no Planalto se servidores da Polícia Federal, do Departamento Penitenciário Nacional e da Polícia Rodoviária Federal terão aumento de salário.
Em entrevista ao Agenda do Poder desta quinta-feira (14), o presidente da FenaPRF, Dovercino Neto, afirmou que o apoio prestado pela categoria a Bolsonaro nas últimas eleições será “inversamente proporcional” em 2022, caso a promessa de reestruturação não se concretize. “Eu não tenho a menor dúvida que, caso se frustre essa expectativa criada pelo próprio presidente, a sustenção base-eleitoral da nossa categoria vai se esfacelar”, diz.
Segundo Neto, a relação dos policiais rodoviários com Bolsonaro foi construída com as falas e aparições do presidente em eventos da categoria, que tem sido fiel a ele desde o início do mandato. Com a possível quebra de promessa, o chefe do Executivo poderá perder aliados.
Para Marcelo Camargo, presidente da APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais), a premissa de que Bolsonaro valoriza as forças de segurança, na prática, não se concretiza. “Não há nenhum impedimento legal para fazer a reestruturação da Polícia Federal, há o orçamento previsto, o próprio congresso aprovou esse orçamento. É inaceitável que agora, por uma falta de transparência do Governo Federal, simplesmente se anuncie ou se ameace uma possível não-reestruturação”, declara.
Em nota, a APCF manifestou preocupação com a possibilidade de que o governo federal descumpra a promessa de campanha. Segundo a entidade, a decisão não será aceita passivamente.
“Nós entendemos que há uma quebra de um compromisso afiançado pela mais alta autoridade da república. Isso não se deve aceitar de qualquer dirigente e por si já representa uma mudança de comportamento em relação a uma pauta prioritária do governo, que é a segurança pública”, ressalta Camargo.
SBT News