Política

Equipe de Bolsonaro vê risco eleitoral com abstenções em outubro

Cláudio Reis/Estadão Conteúdo

A menos de 100 dias para as eleições, o Planalto está preocupado com a abstenção eleitoral e como o não comparecimento prejudicará a tentativa de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os números das duas últimas eleições gerais, alinhados aos resultados de pesquisas eleitorais, colocam à frente do núcleo de campanha a tentativa de convencer 22% dos eleitores – somados os que não votam nele nem no ex-presidente Lula, candidato do PT, abstenções, brancos e nulos. A porcentagem, que oscila entre pesquisas, levou em conta o último levantamento do Instituto Datafolha.

Ao SBT News, governistas revelaram que a preocupação maior está entre os “desiludidos da direita” — eleitores que apostaram em Bolsonaro em 2018, mas não querem repetir o voto e, assim, devem optar por não comparecer às urnas. O grupo, dentro da estratégia de campanha, ainda contempla os que preferem anular o voto. Na avaliação dessa turma do Planalto, a esquerda não teria esse problema, pois o eleitor mais identificado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria disposto a participar da eleição.

A preocupação do governo já se reflete nas redes bolsonaristas. Mensagens ao longo da semana em grupos com viés pró-governo mostravam críticas e alertas sobre as abstenções em eleições de países vizinhos, sugerindo que, por falta de comparecimento, candidatos de esquerda ganharam as eleições.

A aflição do governo e de apoiadores ganha força com os dados de abstenções dos últimos pleitos e com o cenário de crise em torno do mandato. Apenas em junho, Bolsonaro foi cobrado pelo desaparecimento e assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo – neste caso, com menor repercussão entre eleitores mais alinhados ao Planalto -, e tenta lidar com as variações nos preços dos combustíveis e com as investigações de corrupção no Ministério da Educação, que prenderam, por dois dias, o ex-ministro Milton Ribeiro. Os desdobramentos ainda pedem investigação em suposta interferência na Polícia Federal.

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A insatisfação política pode ser uma das variáveis que levam o eleitor a não votar. De acordo com Marcela Machado, professora em Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), não querer participar do processo eleitoral se dá por vários motivos. Entre eles, o descontentamento com a política. “As pessoas veem que às vezes não está dando resultado participar. São eleitos pessoas que não são da escolha dela, ou que não cumprem com o prometido”, explica.

Últimas eleições

Nas eleições de 2020, 29,53% da população não foi votar no segundo turno, segundo mostra acompanhamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar deste ser um recorte em eleições municipais — que costumam ter uma adesão inferior às gerais e ocorreram durante a pandemia — as eleições para presidente também mostraram elevação de quem não compareceu, nos últimos dois pleitos.

No primeiro turno de 2014, o registro de abstenções foi de 19,39%, enquanto em 2018, de 20,32%. No segundo, os dois números foram maiores: 21,10%, e 21,29%, respectivamente. Uma alta entre os que desistiram de comparecer. “A gente vem de uma série histórica em que o percentual (de abstenções) está crescendo a cada eleição”, afirma a especialista.

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Marcela Machado destaca, no entanto, que as previsões de não comparecimento em outubro são incertas, dado que as eleições de 2020 foram atípicas. “A gente só vai conseguir aferir se a tendência de aumento nas abstenções irá se manter quando, de fato, o pleito acontecer. As pessoas estão apostando em uma alta abstenção com base nas eleições de 2020. Foi um cenário com pandemia e com o natural baixo engajamento nas eleições municipais”, diz a professora da UnB.

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