Em discurso de uma hora a produtores rurais de todo o Brasil, reunidos em Brasília (DF) nesta 4ª feira (10.ago), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a falar sobre a transparência do processo eleitoral, diminuiu a relevância das fake news e criticou indiretamente seu principal concorrente na corrida eleitoral, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bolsonaro também questionou o julgamento do marco temporal para demarcação de terras indígenas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e celebrou a ampliação do acesso às armas, em acenos aos ruralistas, durante o Encontro Nacional do Agro, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O presidente defendeu o direito e o dever de “aperfeiçoar as instituições, desconfiar e debater”, em referência ao processo eleitoral brasileiro. “Nós queremos transparência, queremos a verdade, queremos terminar as eleições sem quaisquer desconfianças, seja qual for o lado. Queremos o bem do nosso Brasil, continuar sendo livres”, afirmou. “Queremos a certeza de que o voto de cada um de vocês, uma vez apertado o botão na maquininha, vá mesmo para aquela pessoa.”
Jair Bolsonaro também declarou que a liberdade é sagrada, e “não tem limites”, minimizando o peso das fake news, as notícias falsas, para a população brasileira. “Não tem papinho de fake news. ‘Ele fez fake news’, ah, vai pra ponta da praia. O problema do Brasil é fake news agora?”, questionou.
Sem citar diretamente o nome do principal concorrente na disputa eleitoral para a Presidência da República, Bolsonaro fez críticas a Lula e ao governo do petista. “Em época de campanha, o pessoal vira bonzinho. Até vou adiantar aqui, [ministro] Marcos Montes. A proposta de regulação da produção agrícola, o cara já retirou do programa de governo dele”, disse.
“O Brasil é uma Ferrari, ou melhor do que isso. Se botar uma pessoa com certos vícios para pilotar essa Ferrari, ela vai capotar na primeira curva. O Brasil só não capotou porque é muito grande”, acrescentou.
Armas e marco temporal
Falando sobre temas sensíveis aos produtores rurais, o presidente valorizou a ampliação do acesso aos armamentos no campo, e incentivou a compra de armas. Segundo ele, governo e parlamento ampliaram o direito à legítima defesa no país, com extensão da posse de arma para todo o perímetro das propriedades rurais. Bolsonaro destacou também que, sob sua determinação, o Exército ampliou a concessão de registros de armas aos CACs [caçadores, atiradores e colecionadores]. “O povo armado jamais será escravizado. Comprem suas armas! Comprem suas armas! Isso também está na Bíblia.”
Em outro aceno aos agricultores, falou sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas, que está sendo julgado no STF. De acordo com Bolsonaro, caso o voto do relator, ministro Edson Fachin, prevaleça, produtores podem perder suas propriedades. “De repente, o ministro Edson Fachin, que foi advogado do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] por muito tempo, resolve falar o seguinte: ‘Não, vamos dizer que esse marco da Constituição de 1988 não vale, vamos fazer um outro’. E lá apresenta a sua tese, apresenta seu voto, obviamente favorável ao novo marco temporal. O que é isso? Se você chegar na casa de vocês, tiver um índio lá, num canto qualquer, perdeu a fazenda”, disse.
O presidente indicou também, mais uma vez, que pode não cumprir eventual determinação do STF nesse sentido. “Se isso for aprovado no Supremo, e nós temos trabalhado para que isso não seja aprovado, mas se for aprovado, eu vou ter que cumprir? Essa medida, caso seja aprovada não é um crime de lesa pátria? É ou não é? Fiquem tranquilos. Eu sei o que tem que ser feito”, concluiu.
SBT NEWS
