Por: SBT News
Quando nasceu, Elizabeth Alexandra Mary não parecia destinada a uma função de tamanha importância. O avô, George V, era rei. Mas, na linha sucessória estava o tio, Edward VIII, que desistiu do trono para se casar com uma plebeia. Pior do que isso para a monarquia, uma mulher divorciada.
Então, aos 10 anos de idade, Elizabeth teve seu destino traçado. O pai, Albert, tornou-se rei. Em menos de 10 anos, problemas de saúde começaram a atrapalhar sua administração. Elizabeth já o substituía em eventos.
Como se não bastasse, Albert, então chamado de George VI, foi diagnosticado com um câncer no pulmão, que o matou quando Elizabeth ainda tinha 25 anos. Nessa época, ainda se discutiu se ela deveria acender ao trono. Afinal, uma mulher? Chegou a se cogitar se um primo não seria a melhor opção. Mas, o comportamento e o comprometimento de Elizabeth fizeram dela rainha em 6 de fevereiro de 1952.
Tímida. Porém, aguerrida
Em 1945, a Segunda Guerra Mundial já durava mais de cinco anos. Elizabeth tinha 19. A monarquia pretendia enviá-la na companhia da irmã, Margareth, para o Canadá, a fim de protegê-las. Mas ela queria o oposto, ajudar seu país.
Ingressou no exército, no Serviço Territorial Auxiliar das Mulheres, onde treinou como motorista e mecânica e recebeu o posto de comandante júnior honorário. Quando a bandeira branca foi levantada, ela e a irmã saíram às ruas, disfarçadas, para comemorar com os britânicos.
Discreta. Mas, de coroação televisionada
Um ano depois da morte do pai, em 1953, Elizabeth seria coroada. Na época, a grande novidade era a televisão. O marido, Philip, teve a ideia de transmitir ao vivo.
Só no Reino Unido, estima-se que 27 milhões de pessoas assistiram à cerimônia. Outras 11 milhões ouviram pelo rádio. Ou seja, mais de 80% da população. A partir daí, eventos da família real passaram a ser transmitidos mundialmente, com bilhões de espectadores.
Moderada. Só que mudou a história
Desde 1913 um monarca britânico não visitava a Alemanha. Os dois países foram rivais nas duas guerras mundiais. Até que em 1965, ainda nos primeiros anos de mandato, Elizabeth teve um ato diplomático que marcou sua trajetória.
A rainha decidiu visitar a então Alemanha Ocidental, o lado alinhado ao ocidente e em oposição à Alemanha Oriental, alinhada à União Soviética. A viagem foi importante para a reconciliação entre os países.
O resultado da atitude dela influenciou a diplomacia no mundo, comenta o historiador especialista em monarquia, Renato Vieira: “Ela visitou mais de 150 países. Um trabalho de relações-públicas exemplar, iniciado em uma era que poucos chefes de estado viajavam”.
Acompanhou momentos históricos
“Em nome do povo britânico, saúdo a habilidade e a coragem que trouxeram o homem à Lua. Que esse esforço aumente o conhecimento e o bem-estar da humanidade”. Esse foi o recado de Elizabeth para a tripulação da Apollo 11, missão americana que levou o homem à lua pela primeira vez, em 1969.
Elizabeth ainda acompanhou momentos históricos como os conflitos no Vietnã. Ou melhor, apoiou enviando tropas militares. Tanto que nesse episódio, de 1969, o ex-beatle John Lennon acabou devolvendo a medalha de Ordem do Império Britânico com a seguinte mensagem: “Sua Majestade, estou devolvendo esta medalha em protesto contra o envolvimento da Grã-Bretanha no caso da Nigéria-Biafra, contra nosso apoio aos Estados Unidos no Vietnã e contra a queda de Cold Turkey nas paradas. Com amor, John Lennon of Bag”.
Mais recentemente, em 2003, a rainha se envolveu na invasão dos Estados Unidos ao Iraque de Saddam Hussein, com o objetivo acabar com a ditadura. A tropa britânica tinha 45 mil soldados.
O envolvimento, mesmo que comedido, nos acontecimentos mais importantes dos séculos XX e XXI, além da postura serena quanto às movimentações da família, mesmo em meio às polêmicas, fez de Elizabeth uma rainha popular e — o mais impressionante — por tanto tempo. “O aspecto mais importante de seu reinado foi o incrível feito de cumprir seu papel justamente como a população esperava dela”, analisa o historiador.