O número de crianças que tem até seis anos e vive abaixo da linha da pobreza atingiu nível recorde no Brasil. A mais recente pesquisa, de 2021, mostra 44,7% delas. A diferença com o ano anterior é grande, de 8,6 pontos percentuais acima dos 36,1%. A extrema pobreza também bateu recorde no país. Ano passado a taxa representou 12,7% dessa população. Em 2020 eram 8%. Os dados são do laboratório de estudos lançado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Em números absolutos, na categoria abaixo da pobreza, a alta foi de 22,6% na passagem de 2020 para 2021. Aumentou de 6,4 milhões para 7,8 milhões de crianças. Já na extrema pobreza passou de 1,4 milhão para 2,2 milhões.
Para os pesquisadores, um dos fatores de influência é a pandemia de covid-19 e o auxílio emergencial, que não foi constante. O benefício chegou a ser paralisado no início de 2021. Quando retomado, teve cobertura reduzida.
O aumento também pode ser explicado com a diminuição da renda dos responsáveis pelos domicílios, devido à inflação elevada.
Além da preocupação com o cenário presente, há também com o futuro, explica um dos responsáveis pelo estudo, André Salata: “Os efeitos da pobreza na primeira infância são acumulativos. Se a criança não desenvolver suas capacidades nessa fase, o futuro vai ser mais difícil para ela.”
“Os resultados preocupam muito. Existem estudos que mostram que o ser humano tem determinadas idades para o desenvolvimento cognitivo e físico”, chama atenção a pesquisadora Izete Pengo Bagolin, também responsável pelo levantamento.
Para chegar a esses resultados, os especialistas usaram microdados de pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).