Muito pouco se sabe ainda sobre a “implosão catastrófica” do submarino Titan, da empresa OceanGate, que vitimou 5 pessoas. O veículo foi usado em uma expedição para avistamento do Titanic — cujos destroços repousam a 3.800 metros de profundidade –, mas perdeu o contato com a superfície e, após 4 dias desaparecido, teve apenas pedaços localizados pela Guarda Costeira dos Estados Unidos.
Especialistas ouvidos pelo programa Poder Expresso, do SBT News, levantaram hipóteses para o que pode ter provocado a implosão. Thiago Pontin Tancredi, professor do curso de Engenharia Naval da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e supervisor do laboratório de simulação naval da instituição, apontou que o submarino, certamente, sofreu um dano na estrutura, que pode ter sido causado de duas formas: por uma colisão ou pelo desgaste provocado por subidas e descidas constantes.
“Pode ser um dano que aconteceu durante a descida, ou seja, essa embarcação colidiu com uma vida marinha, com o fundo do oceano, com os próprios destroços do Titanic… E essa colisão, mesmo que sutil, pode ter levado a um pequeno amassado, a uma pequena perda de circularidade do casco, levando, então, ao colapso instantâneo da embarcação. É só a gente imaginar uma latinha de cerveja vazia: se a gente começa a amassar um pouquinho, fica muito mais fácil amassar o restante”, disse. “E a outra possibilidade é que esse dano aconteceu devido a mergulhos sucessivos. Então, todas as vezes que o submarino subia e descia ele acumulava danos e esses danos são microscópicos, são muito difíceis de você medir, mas são suficientes para fragilizar a estrutura.”
O professor e engenheiro acrescentou que, dada a enorme pressão do fundo do mar, submarinos, em geral, são ambientes muito inseguros: “Eu costumo dizer aos meus alunos que o pior lugar, o lugar menos seguro para se estar é dentro de um submarino. Não existe nada mais perigoso. Ir ao espaço é mais seguro do que descer a essa profundidade”.
Ainda em relação à pressão encontrada a tamanha profundidade, o físico Olavo Leopoldino, professor da Universidade de Brasília (UnB), explicou que, em situações como essa, um ser humano “começa a não conseguir respirar corretamente, porque a musculatura corporal já não consegue equilibrar a pressão que está sendo feita e ele então começa a obter muito menos oxigênio do que seria capaz de obter em situações normais. Então ele começa a tender a desfalecer”.
Porém, ele ressalta que, caso tenha havido mesmo a implosão, os passageiros do submarino não experimentaram qualquer tipo de sofrimento. “Se foi esse o caso mesmo, quando houve a implosão, acabou. Não dá tempo de nada. Não dá tempo nem de sentir o fenômeno acontecendo. Eles sequer viram o que aconteceu. Foram esmagados de uma maneira brutal, catastrófica.”
Com informações do SBT News