A simples tarefa de receber uma encomenda ou correspondência pode se tornar uma baita dor de cabeça para quem mora em comunidades. A Márcia enfrentou essa dificuldade por anos, na Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo “O gás eu tinha que pegar e dar o endereço de alguém. É ruim né? Porque você acaba incomodando o vizinho”, confessa ela.
A cuidadora de idosos faz parte dos 36 milhões de brasileiros que não têm CEP. Um mercado potencial de 200 bilhões de reais, segundo dados do Data Favela – e que está na mira de grandes empresas e companhias de tecnologia com o projeto de endereçamento digital.
Até o fim do ano, moradores de 20 favelas da capital paulista e da região metropolitana vão receber uma placa de identificação. São códigos curtos, integrados a aplicativos de localização, que convertem as coordenadas em latitude e longitude, o que fazer com que cada casa seja identificada, mesmo que ela esteja em beco, uma rua estreia ou vielas. Uma startup e uma ONG ajudam a viabilizar a instalação das placas com o número de identificação, na entrada das casas “Se você não tem endereço, é a mesma coisa que você não ter RG. Receber carro de aplicativo na porta de casa é uma grande revolução”, diz Lamaestro, cofundador da ONG Gerando Falcões.
O projeto já funciona em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. E, agora, está sendo implantado em outras comunidades. Wilson Roberto Rodrigues, gerente de parcerias estratégicas do Google, explica: “A gente vai começar por essas 20 favelas na região metropolitana de São Paulo com a intenção de já expandir para até 100 favelas entre o final desse ano e o começo do ano que vem. O objetivo é trazer isso para o máximo de pessoas possível”.
Para Márcia – e para tantos outros moradores – o endereço digital faz uma baita diferença “Ai, olha, só de você pedir seu produto, chegar na sua porta isso é uma dignidade, não tem dinheiro que paga”.
*Com informações do SBT News