“Eu nunca fui boa aluna na escola, sempre tirava nota baixa em matemática e me achava burra”, confidencia Priscilla de Sousa, diretora do digital do Sistema Ponta Negra de Comunicação. O que talvez ela achasse que fosse uma deficiência na infância, tudo fez sentido para Priscila após o diagnóstico, aos 46 anos, de TDAH.
Hoje, dia 13 de julho, é celebrado o Dia Mundial do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que é uma condição neurobiológica comum, que geralmente se inicia na infância e pode persistir até a idade adulta. Caracteriza-se por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que podem impactar diversos aspectos da vida de quem convive com o transtorno.
“Quando fui estudar cinema nos Estados Unidos percebi que tinha algo diferente. Eu amava e só tirava notas boas. Então não entendia o porquê de que em certas matérias eu me dava melhor do que com outras”, diz Priscila. Só que uma das características mais proeminentes do TDAH é a dificuldade em manter o foco e a atenção em tarefas específicas.
Muitas pessoas com TDAH têm habilidades únicas e pontos fortes que podem ser valorizados e utilizados a seu favor. Entre os benefícios do TDAH, destacam-se a criatividade, a capacidade de pensar fora da caixa e a energia mental intensa que algumas pessoas com o transtorno possuem.
“Sempre me achei burra quando jovem, e ver que isso não tem nada a ver com a minha inteligência, é libertador. Sou extremamente criativa e inteligente , só não sou boa com números, e está tudo ok. Agora é focar na organização da rotina diária”, Priscila ainda diz que “decidi procurar ajuda, aos 46 anos, porque estava muito esquecida”.
Estima-se que cerca de 5% a 10% das crianças em idade escolar e 2% a 5% dos adultos sejam afetados pelo TDAH ao redor do mundo. É essencial que o transtorno seja diagnosticado e tratado corretamente, com uma abordagem multidisciplinar que pode incluir terapia comportamental, intervenções educacionais e, em alguns casos, medicação.
“Não é uma questão de ter TDAH, é ser TDAH com todas as características positivas que ele pode proporcionar. É preciso conhecer o TDAH e entender a potência que ele pode proporcionar ao indivíduo. O TDAH é ser diferente num mundo de iguais”, avalia a psicopedagoga Kalline Pondofe.
Como conviver com o TDAH
Conviver com o TDAH de maneira positiva envolve a compreensão de suas próprias limitações e o desenvolvimento de estratégias de adaptação. Algumas dicas úteis para quem tem TDAH incluem:
- Buscar apoio profissional: Profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, podem ajudar no diagnóstico e no desenvolvimento de estratégias de gerenciamento do TDAH.
- Estabelecer rotinas e utilizar ferramentas de organização: Criar uma rotina diária consistente e usar agendas, lembretes e aplicativos de gerenciamento de tempo podem ajudar a manter o foco e a cumprir prazos.
- Praticar exercícios físicos e técnicas de relaxamento: Atividades físicas regulares e técnicas de relaxamento, como ioga e meditação, podem ajudar a reduzir a hiperatividade e melhorar a concentração.
- Comunicar-se abertamente: Conversar com familiares, amigos e colegas de trabalho sobre o TDAH pode ajudar a obter apoio e compreensão.
- Valorizar as habilidades pessoais: Reconhecer e valorizar as habilidades e pontos fortes pessoais é essencial para construir uma autoestima positiva e superar desafios relacionados ao TDAH.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade pode ser um desafio, mas com o diagnóstico adequado, tratamento adequado e estratégias de adaptação, é possível levar uma vida plena e produtiva.