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Indústria de reciclagem do RN cresce 300% e transforma vida de potiguares

Foto: Lara Carvalho

Por Lara Carvalho, especial para o Ponta Negra News

A indústria de reciclagem tem conquistado resultados expressivos nos últimos anos no Rio Grande do Norte. Em 2018, o percentual de material reciclado no estado era de 12%, aumentando para 18% em 2020 e chegando a 32% em 2022. A projeção é que esse percentual alcance 48% até 2023, representando um crescimento de 300% na última década. Segundo o SindRecicla-RN, se o índice de reaproveitamento alcançar 43%, a economia local teria um ganho de R$ 378 milhões. Atualmente, o SindRecicla-RN conta com 37 associados, responsáveis pela reciclagem de 180 mil toneladas de materiais por ano, o que equivale a 18% do lixo produzido no estado.

Há 45 anos, o Sr. Manoel Patrício de Medeiros, pai do atual presidente do SindRecicla-RN, começava no ramo da reciclagem. Ele e sua família, deram início a uma grande história, que começou no quintal de casa, no bairro Cidade da Esperança, Zona Oeste de Natal. Manoel Patrício fundou então a primeira empresa de reciclagem com um objetivo simples naquela época: complementar o orçamento familiar e melhorar a qualidade de vida. Afinal, ele tinha a responsabilidade de sustentar seus 8 filhos, incluindo um jovem chamado Etelvino Patrício de Medeiros, que viria a se tornar um futuro industriário e presidente do SindRecicla-RN. Naquele tempo, Patrício de Medeiros era apenas um jovem em busca de oportunidades, que por amor ao que fazia, deu continuidade ao negócio que seu pai começou e que hoje é uma das frentes econômicas do estado.

Segundo o presidente do SindRecicla-RN, Patrício de Medeiros, o sindicato visa interiorizar essa atividade e promovê-la em áreas onde ainda são conhecidas, proporcionando geração de renda e impulsionando a economia local em diversos municípios. Patrício destaca, ainda, que um trabalho bem feito na reciclagem contribui na redução de doenças, melhorando a saúde pública e a questão social por meio da geração de empregos, tornando os cidadãos menos dependentes do governo e assim beneficiando o estado.

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Espalhada por todo o estado do Rio Grande do Norte, a indústria de reciclagem está concentrada em Natal e na região metropolitana da capital, incluindo os municípios de Macaíba, São Gonçalo do Amarante, Parnamirim, Extremoz e São José de Mipibu. Além disso, há também unidades na região do Seridó e semiárido potiguar, como Caicó e Mossoró.

Desafios:

“As pessoas veem o lixo como problema, elas não enxergam como solução, elas não entendem que é no lixo de onde vem todo material reciclado capaz de gerar renda, capaz de gerar dignidade, capaz de gerar oportunidade para as pessoas”, ressaltou Patrício de Medeiros. Dessa maneira, é necessário ser feita uma conscientização da população sobre a importância da separação correta dos resíduos em suas residências e estabelecimentos comerciais. Campanhas educativas são fundamentais para promover a mudança de comportamento e incentivar a colaboração de todos na redução do desperdício e no aumento das taxas de reciclagem.

Outra questão relevante é a necessidade de políticas públicas que incentivem a indústria de recicláveis, como a criação de incentivos fiscais para empresas que utilizam matéria-prima reciclada em seus processos produtivos e a implementação de programas de coleta seletiva em todas as regiões do estado.

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Transformação de vidas:

“Pra mim o lixo é uma riqueza. Eu já passei por cada coisa que dá vontade de chorar, mas a gente tem que ser forte e continuar porque com esse trabalho de catador que eu consigo ganhar um dinheiro pra me alimentar e levar o pão de cada dia pra casa. A reciclagem é um bom trabalho, é um trabalho digno ”, falou emocionado o senhor José Cândido, catador do bairro Felipe Camarão.

Foto: Lara Carvalho

As cooperativas de catadores têm desempenhado um papel significativo na indústria reciclável do estado. Essas organizações, formadas por trabalhadores que coletam materiais recicláveis em lixões e nas ruas, têm sido fundamentais na ampliação da coleta seletiva e no encaminhamento adequado dos resíduos para as indústrias de reciclagem. O apoio governamental e de entidades privadas tem sido imprescindível para fortalecer essas cooperativas, proporcionando capacitação, infraestrutura e melhores condições de trabalho.

“Com relação aos catadores, nós entendemos que sem eles a cadeia da reciclagem não existe, porque o primeiro processo acontece pelos catadores, são eles que vão lá, separam os materiais e os segregam para chegarem até a indústria. Sem eles, nada disso seria possível”, comentou Patrício.

Foto: Lara Carvalho

Ao ser questionado sobre a diferença que a reciclagem faz na sua vida, o trabalhador mais conhecido como “Dedé” falou que para ele, ser catador é ser livre, e que é bom poder fazer seu trabalho do jeito que quer e da forma que gosta. Com poucas palavras, Dedé encerrou a conversa dizendo: “Só a bondade que a reciclagem faz pra natureza já é tudo”.

Itens como latas ou garrafinhas de refrigerante, caixas de leite, frascos de perfume ou aparelhos de som que já não funcionam mais, são vistos apenas como lixo pela maioria das pessoas. Contudo, esses materiais podem ser reciclados e reutilizados de forma criativa, transformando-se em artesanato, utensílios e até mesmo roupas. Uma vez reintroduzidos no mercado, às vendas desses produtos tornam-se fonte de renda para muitas pessoas.

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“Eu nasci dentro da sucata, eu amo sucata, e vivo disso há 33 anos. As pessoas que compram esse material são quem paga minha feira. Eu já sou aposentado, tenho minha casinha, meu meio de transporte, mas ainda estou aqui para ajudar os meus colaboradores a continuar vivendo dignamente”, falou o proprietário da Sucata do Abigail, localizada em uma comunidade da Zona Oeste de Natal.

 

“Quando instalamos em qualquer localidade, temos uma política de gerar emprego às pessoas que moram próximo à unidade porque isso quebra a visão de que quem trabalha com reciclagem trabalha com lixo. E pela própria definição, lixo é tudo aquilo que é imprestável, aquilo que não serve para nada, mas nós trabalhamos com materiais recicláveis e com isso começamos a quebrar essa visão da própria comunidade, e eles passam a enxergar a reciclagem como oportunidade de geração de emprego e renda. Dessa forma, fomentamos dentro do bairro, dentro da cidade, essa economia capaz de gerar riqueza e possibilidade de melhoria”, pontuou o Presidente do SindRecicla-RN.

“A Fiern tem trazido abertura junto aos entes governamentais e tem mostrado que o SindRecicla é um sindicato transversal que está presente em qualquer segmento da indústria. O Sistema Fiern apoia a reciclagem de forma incondicional”, finalizou Patrício de Medeiros em entrevista para o Ponta Negra News.

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Impactos positivos no meio ambiente:   

Um dos principais benefícios da indústria reciclável é a redução do impacto ambiental associado ao descarte inadequado de resíduos sólidos, evitando a contaminação do solo, da água e do ar. A indústria da reciclagem desempenha um papel crucial ao reintroduzir produtos que seriam destinados a aterros sanitários de volta à cadeia produtiva. Essa prática evita a exploração ambiental, a retirada de recursos naturais, e reduz também as emissões de carbono, o que resulta em menor consumo de energia e na diminuição da poluição.

Desde 2010, a lei dos resíduos sólidos (Lei n.º 12.305/10) posiciona a reciclagem como um pilar fundamental para construir uma sociedade mais harmônica com o meio ambiente. Ao promover a reciclagem, podemos mitigar os impactos negativos no ecossistema e avançar em direção a um futuro mais sustentável e equilibrado.

Atualmente, em meio aos desastres naturais que têm ocorrido no Brasil e no mundo, a atuação da reciclagem torna-se cada vez mais necessária, uma vez que contribui exponencialmente, na redução dos impactos ambientais, e na preservação do planeta terra, que está passando pelo aquecimento global, e precisa mais do que nunca que a reciclagem seja cada vez mais presente.

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Foto: Lara Carvalho

A crescente conscientização sobre os impactos negativos do descarte inadequado de resíduos e a necessidade de reduzir a exploração de recursos naturais tem impulsionado o desenvolvimento da indústria. Ela abrange diversos setores, como plásticos, papel, vidro, metais e resíduos eletrônicos. Empresas e cooperativas têm surgido para coletar, separar, processar e reciclar esses materiais descartados, transformando-os em matérias-primas secundárias que podem ser reintroduzidas no mercado.

Em suma, a indústria reciclável no Rio Grande do Norte está em ascensão, representando um importante avanço rumo à sustentabilidade ambiental e ao desenvolvimento econômico. Com o engajamento de toda a sociedade, do setor privado e do poder público, é possível fortalecer ainda mais esse segmento para que ele faça cada vez mais diferença na vida e no lar de muitas famílias potiguares.

Sobre o Sistema Fiern:

A história da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), iniciou em 1953, quando um grupo visionário de líderes industriais decidiu unir esforços para fortalecer o setor industrial do Rio Grande do Norte. Desde então, a federação tem desempenhado um papel fundamental na articulação entre o setor privado, o governo e a sociedade civil.

Desde sua fundação há sete décadas, a instituição composta pelo SENAI, SESI e IEL, se tornou um agente crucial para o desenvolvimento da indústria e da economia do estado por fomentar o empreendedorismo, promover inovação e fortalecer o mercado.

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Neste aniversário de 70 anos, a FIERN celebra suas conquistas, mas também olha para o futuro com o mesmo entusiasmo e determinação do passado. Com a visão de continuar sendo um catalisador do desenvolvimento econômico, a federação segue firme em seu propósito de tornar o Rio Grande do Norte uma referência de inovação e de prosperidade no cenário nacional. Que a trajetória da federação continue inspirando novas gerações de empreendedores e líderes, para que eles tornem o Rio Grande do Norte cada vez mais promissor.

 

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