Com apenas dois anos de idade, Leonardo Lisboa já sabia explicar o que era gravidade. O vocabulário, apesar da pouca idade, já era rebuscado. Assistir aulas na escola ou conversar com os amigos da idade não tinha graça, eles não acompanhavam o raciocínio. Foi nesse momento que a mãe, Juliana Manzano, começou a desconfiar que existia algo de diferente no filho.
“Eu comecei a perceber que ele era diferente, mais desenrolado que os meninos da mesma idade. Ele fugia da escola, não queria ficar lá e dizia que não tinha mais o que aprender. Comecei a desconfiar por volta dos 3 anos, mas o dignóstico mesmo veio com 6”, disse Juliana. Leonardo é superdotado.

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A OMS – Organização Mundial da Saúde – estabeleceu o dia 10 de agosto como o Dia Internacional da Superdotação, uma data que tem como objetivo lembrar de pessoas com altas habilidades cognitivas e suas necessidades, para medir e analisar a inteligência em casos de superdotação uma das técnicas mais utilizadas é o teste de QI.
No Brasil, há 2.621 pessoas superinteligentes identificadas em território nacional. Os dados da Associação Mensa Brasil, entidade que reúne pessoas com altas capacidades intelectuais, diz que há cinco sinais de superinteligência:
- Raciocínio rápido para resolver problemas;
- Boa memória de longo prazo: capta as informações e as recupera com facilidade quando necessário (lembra-se de nomes ou rostos de pessoas que não vê há muito tempo, datas históricas, imagens e números etc);
- Boa memória operacional: capta e processa diferentes tipos de informações ao mesmo tempo;
- Consegue diferenciar sons e visualizar detalhes em imagens com muita facilidade;
- Rápida curva de aprendizado: habilidades avançadas para a sua idade cronológica (crianças que aprendem a ler aos 3 anos ou antes ou que conseguem compor uma música sem nunca ter estudado para isso, por exemplo).
Juliana acredita que algumas das missões de mães que têm filhos superdotados é que é preciso valorizar, quebrar barreiras, apoiar e enfrentar os desafios intelectuais e emocionais. “Que o nosso país possa não só aprender a enxergar essas crianças e adolescentes, mas valorizar e incentivar nossas mentes brilhantes! E, claro, ao meu filho que tanto me orgulha, o meu muito obrigada por me apresentar essa luta e pela paciência em aprendermos juntos tudo sobre ela!”.
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Apoio e acolhimento
Juliana relata que a falta de informações sobre o assunto a fez ficar perdida no início. Ela teve que pesquisar e buscar profissionais que pudessem ajudá-la. Aos poucos, mães, pais, educadores, psicólogos e estudiosos do tema foram se unindo em um grupo de WhatsApp, o Roda de Conversa, que reúne pouco mais de 100 pessoas apenas do Rio Grande do Norte.
Do grupo, uma nova missão. Cerca de 20 decidiram criar a Associação Norte-Rio-Grandense de Apoio às Altas Habilidades/Superdotação (ANAAHSD), da qual Juliana faz parte. “A ideia é acolher, orientar e apoiar pais, familiares e educadores que, assim como eu, se sentem como um dia me senti: perdida e inserida em um mundo que desconhecia. A Associação vem com esse propósito, mas também visa lutar para conquistar espaços e políticas que insiram e valorizem os superdotados. E eu, particularmente, decidi fazer parte dela para fazer pelos outros o que queria que tivessem feito por mim”, conclui.
