Em um trabalho pioneiro no Brasil, pesquisadores encontraram vestígios de uma substância que pode ser sangue na antiga sede do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), localizado no bairro de Vila Mariana, capital paulista. Durante as escavações, a equipe também achou registros que um preso político fez para contagem de seus dias de cárcere no local, onde agentes da ditadura, instaurada com o golpe de 1964, torturavam e executavam opositores. Atualmente, no endereço, funciona o 36° Distrito Policial, da Polícia Civil.
Esse é o início da jornada dos pesquisadores, que pode trazer à tona mais materiais que revelem como funcionavam os porões da ditadura. A equipe conta com membros vinculados à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O trabalho foi possível graças ao financiamento da Unicamp e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), obtido após 14 tentativas de se viabilizá-lo, com negativas de diversas agências de fomento à ciência.
Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (14), quando chegou ao fim a primeira fase do estudo, após 13 dias de trabalho em campo, os pesquisadores explicaram que a suspeita sobre o sangue ainda exige confirmação em laboratório. Conforme destacaram, o indicativo de que a substância encontrada pode ser sangue surgiu após ter contato com o reagente luminol, muito utilizado por peritos criminais em cenas de crimes. Devido às restrições de orçamento, o que limita as ferramentas disponíveis, os pesquisadores devem ter uma conclusão sobre a substância somente dentro dos próximos meses.
Fonte: Agência Brasil