Pesquisadores do British Antarctic Survey (BAS) estimam que os pinguins-imperadores da Antártica sofreram falhas reprodutivas catastróficas no final de 2022. Segundo o grupo, das cinco colônias conhecidas no Mar de Bellingshausen, quatro apresentaram alta probabilidade da morte de 100% dos filhotes devido à perda precoce de gelo marinho.
Os pinguins-imperadores dependem de gelo marinho estável durante a maior parte do ano, de janeiro a abril. Assim que chegam ao local de reprodução escolhido, os pinguins põem ovos no inverno antártico, de maio a junho. Os ovos eclodem após 65 dias, mas os filhotes só emplumam no verão, entre dezembro e janeiro.
No início de dezembro de 2022, a extensão do gelo marinho antártico havia igualado a mínima histórica anterior estabelecida em 2021. A perda mais extrema foi vista na região central e oriental do Mar de Bellingshausen, a oeste da Península Antártica, onde houve o derretimeto de 100% de gelo marinho em novembro de 2022.
“Nunca vimos pinguins-imperadores deixarem de se reproduzir, nessa escala, em uma única estação. A perda de gelo marinho nesta região durante o verão antártico tornou muito improvável que os filhotes deslocados sobrevivessem. Sabemos que os pinguins-imperadores são altamente vulneráveis em um clima quente – e as evidências científicas sugerem que eventos extremos de perda de gelo marinho como esse se tornarão mais frequentes e generalizados”, disse o Dr. Peter Fretwell, principal autor do estudo.
Ele explicou que, desde 2016, a Antártida vem apresentando as menores extensões de gelo marinho no registro de satélite de 45 anos. Entre 2018 e 2022, 30% das 62 colônias de pinguins-imperadores conhecidas na Antártida foram afetadas pela perda parcial ou total de gelo marinho – situação que pode se agravar com o avanço do aquecimento global.
Isso porque apesar dos pinguins saberem responder a incidentes de perda de gelo, movendo-se para locais mais estáveis, a estratégia não funcionará se o habitat em toda uma região for afetado. Pesquisadores do BAS sugerem que, caso as taxas atuais de aquecimento persistam, mais de 90% das colônias estarão quase extintas até 2100.
“Os dados revelam dramaticamente a conexão entre a perda de gelo marinho e a aniquilação do ecossistema. As alterações climáticas estão a derreter o gelo marinho a um ritmo alarmante. É mais um sinal de alerta para a humanidade de que não podemos continuar neste caminho, os políticos devem agir para minimizar o impacto das alterações climáticas. Não sobra tempo”, alertou o Dr. Jeremy Wilkinson, físico de gelo marinho do BAS.
*Com informações do SBT News