O humorista Pedro Manso revelou em uma publicação nas suas redes sociais, nesta segunda-feira (26), que está com demência. A doença afeta ao menos 1,76 milhão de brasileiros com mais de 60 anos, segundo levantamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Infelizmente a notícia que tenho que passar para vocês, meus amigos e fãs, não é nada boa. Estou passando por um problema muito sério de demência, esquecimento muito sério”, disse o humorista, em vídeo publicado nas redes sociais
Atualmente, Manso é um dos jurados do quadro “Dez ou Mil”, do Programa do Ratinho, do SBT. Ele reiterou que o quadro de esquecimento veio após ser diagnosticado com Covid-19. Um estudo realizado no Burdwan Medical College and Hospital, da Índia, disse que a doença pode contribuir para o avanço da demência em pacientes já diagnosticados com a condição.O neurologista entrevistado pelo SBT News, Flavio Augusto Sekeff, disse que a doença gera a “perda progressiva das capacidades cognitivas já adquiridas”: memória, capacidade de linguagem, raciocínio lógico, orientação espacial, capacidade de comunicação e entendimento, dentre outros.
Entenda o que é demência
Elas podem ser primárias e secundárias. No primeiro grupo, a mais comum delas é o Alzheimer, mas em menor escala ocorrem a demência fronto-temporal e por Corpos de Lewy.
Demência primária
A diferença entre elas, segundo Sekeff, é que apenas o Alzheimer pode ser prevenida em alguns casos. Em todas elas acontece a perda da capacidade cognitiva desenvolvida e são mais comuns em idades mais avançadas, exceto a lesão do lobo-temporal, que afeta pacientes mais jovens (de 45 até 50 anos). Nesses casos, “o paciente começa a ficar mais arredio, irritado, jocoso, muda hábitos alimentares, fica menos empático, trata as pessoas de maneira indiferente, até chegar no estado de mutismo acinético”, disse o especialista.O quadro de mutismo se caracteriza pela completa imobilidade, em que a pessoa apenas acorda, mas não consegue se mexer ou falar. Em alguns casos de AVC (Acidente Vascular Cerebral) também é possível que aconteça o quadro.A demência por Corpos de Lewy apresenta outros sintomas, como tremores, lentidão, rigidez, alucinações e crises de apatia que podem durar dias.
Demência secundária
Os casos mais comuns são frutos de AVC’s. Ela também é chamada de “demência vascular”, já que a repetição dos acidentes vasculares cerebrais são os responsáveis pelo quadro de demência. O neurocirurgião Renato Andrade Chaves define o quadro como “problemas de circulação sanguínea no cérebro, resultando em danos nos tecidos cerebrais.”
Depressão pode ser confundida com demência
Os quadros de “pseudodemência” são, na verdade, depressão. Em alguns casos, eles apresentam os mesmos sintomas de uma demência, mas possuem sinais de atenção que diferenciam o diagnóstico como tristeza, melancolia e apatia, por exemplo. O diagnóstico é feito por um questionário estruturado, história clínica do paciente, além de uso consciente de antidepressivo.
Fatores de risco
Os especialistas classificam os fatores de risco apenas para casos de Alzheimer e Acidente Vascular Cerebral. Os fatores de risco para as duas doenças são hipertensão arterial, obesidade, tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, gordura abdominal e diabetes. Na demência fronto-temporal, que é majoritariamente genética, e Corpos de Lewy, não há causas conhecidas.
É possível prevenir?
Estudo publicado na Revista Lancet aponta que 40% dos casos de Alzheimer podem ser prevenidos por mudanças no estilo de vida, como atividade física, controle das doenças cardiovasculares crônicas, além de diabetes, parar de fumar e beber. Flavio alerta que apesar do vinho possuir resveratol, substância com antioxidantes que previnem doenças neurodegenerativas, ele pode ser encontrado no suco de uva, por exemplo. Além disso, uso de DHAH, Vitamina b12 e Ômega 3 pode ajudar na prevenção.
Quando procurar ajuda?
É necessário procurar o médico quando os primeiros sintomas aparecerem. Os principais deles são perda de memória, dificuldade de se localizar e de falar. O diagnóstico é feito com exame neurológico, avaliação neuropsicológica e exames de imagem, como ressonância magnética do crânio e exame de liquor, que verifica se há neurodegeneração.
Como funciona o tratamento?
Como são doenças crônicas, o tratamento se baseia em medicações para melhorar o quadro sintomático do paciente. O especialista destaca o uso de cannabidiol (nesse caso, o fitocannabinoide), que pode ajudar em quadros de Alzheimer. Ele relata que a substância apresenta potencial de melhorar memória e fazer com que os pacientes durmam melhor. Além disso, principalmente entre os idosos, é fundamental procurar programas de reabilitação cognitiva, que envolvam a saúde física e mental, como dança, pintura, coral, além de socialização e prática de atividade física.