Em um Brasil já profundamente marcado pela desigualdade de gênero, as mulheres negras, em particular, enfrentam impactos ainda mais severos. Elas se encontram sobrecarregadas com mais responsabilidades domésticas e de cuidado, têm menor presença no mercado de trabalho e são significativamente sub-representadas nos setores judiciário e político. Essas conclusões emergem de um estudo recente intitulado “Estatísticas de Gênero”, publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira, 8 de março, coincidindo com o Dia Internacional da Mulher.
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Em 2022, as mulheres negras dedicaram 22 horas semanais ao cuidado de pessoas ou nos afazeres domésticos, enquanto as mulheres brancas gastaram 20,4 horas – uma diferença de 1,6 hora semanais. O levantamento do IBGE também mostra que a distância entre as mulheres aumentou desde 2016. Naquele ano, início da série histórica, a diferença era de 0,7 hora. Isso significa que, enquanto mulheres brancas conseguiram se emancipar do trabalho de cuidado, as mulheres negras estão cada vez mais atarefadas.
Entre os homens, negros ou brancos, as tarefas consumiram 11,7 horas semanais. A diferença média entre os gêneros é de 9,6 horas. Esse dado acaba se relacionando com a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho, que foi de 53,3%, enquanto a dos homens era de 73,2% – o que representa uma diferença de 19,9 pontos percentuais (p.p.).