A França realiza, neste domingo (30), o primeiro turno de eleições legislativas, antecipadas há três semanas após o presidente Emmanuel Macron dissolver o parlamento por causa do desempenho ruim de seu partido, o centrista Renascimento, e do avanço da extrema direita no Parlamento Europeu. Franceses devem voltar às urnas no segundo turno, previsto para 7 de julho, próximo domingo.
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Segundo a agência Associated Press, Macron votou, em Paris, acompanhado da primeira-dama, Brigitte Macron. Marine Le Pen, populista, possível presidenciável e líder do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), votou no norte da França. O RN derrotou a sigla de Macron no Parlamento Europeu. E isso pode se repetir no Legislativo francês, segundo mostram pesquisas. Levantamentos mostram o RN em primeiro nas intenções de votos, seguido da Nova Frente Popular (NFP), que une partidos de esquerda. A coalização Juntos, do bloco centrista que engloba o Renascimento, vem apenas em terceiro.
Diante desse avanço da extrema direita e da imprevisibilidade das complexas eleições parlamentares na França (veja mais abaixo), o NFP já avisou que poderá retirar candidatos em caso de desempenho ruim do bloco esquerdista, para ajudar o governo a enfrentar o RN.
O resultado das eleições legislativas pode impactar profundamente a política doméstica e internacional da França, um dos países mais importantes da União Europeia (UE). Preocupações com inflação e economia devem influenciar os cerca de 49,5 milhões de eleitores franceses na escolha dos 577 membros da Assembleia Nacional. E o RN, anti-imigração, anti-UE e com forte presença nas redes sociais, tem conseguido capturar esse descontentamento.
Uma mudança pode provocar cenário chamado de “coabitação” na França, com presidente e primeiro-ministro de polos políticos opostos. Em caso de maioria do RN no parlamento, Maron poderia ter de nomear Jordan Bardella, jovem de 28 anos que preside o RN, como premiê.
Isso enfraqueceria o poder de Macron dentro e fora da França. Bardella sinalizou, por exemplo, que o país poderia mudar radicalmente de posição em relação à guerra na Ucrânia, já que a sigla tem laços com a Rússia. Internamente, o RN poderia questionar políticas de imigração e de dupla nacionalidade de nascidos no país.
As eleições parlamentares servem como prévia do pleito presidencial, marcado para 2017. Le Pen deverá ser o nome do RN, enquanto Macron não poderá concorrer, já que terá cumprido dois mandatos.
Historicamente, a França vivenciou três períodos de coabitação, o mais recente entre o presidente conservador Jacques Chirac e o primeiro-ministro socialista Lionel Jospin, de 1997 a 2002.
*Com informações do SBT News