O Ministério da Saúde apresentou a primeira ilustração precisa do Culicoides paraensis, inseto transmissor do vírus Oropouche, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora em algumas regiões do Brasil. A iniciativa surge para corrigir um equívoco recorrente: o inseto era frequentemente confundido com outras espécies, como o Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, Zika e chikungunya, em publicações científicas, na mídia e nas redes sociais.
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A nova representação foi elaborada com base em estudos detalhados realizados pela equipe de comunicação científica da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, em parceria com técnicos e entomologistas do Instituto Evandro Chagas, no Pará. O trabalho visa garantir maior exatidão na identificação do vetor, o que é crucial para conscientização e prevenção da doença.
“O desenvolvimento dessa ilustração fiel permite que pesquisadores, gestores de saúde e a população tenham acesso a informações mais precisas, melhorando a compreensão sobre o vetor e o controle da doença no país”, destacou Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente.
Inseto minúsculo, mas com impacto significativo
Com apenas 3 milímetros de tamanho, o Culicoides paraensis é até 12 vezes menor que o Aedes aegypti e 20 vezes menor que o pernilongo comum (Culex quinquefasciatus). Essa característica dificultava a produção de imagens representativas e de alta qualidade, já que muitas das representações anteriormente utilizadas eram baseadas em fotografias de baixa resolução. Agora, com a ilustração detalhada, as chances de confusão com outras espécies serão reduzidas.
Oropouche: a doença e sua transmissão
Causada pelo vírus Oropouche (OROV), a doença foi identificada nos anos 1950, inicialmente com surtos na região Amazônica, mas já registrada em outros países da América Central e do Sul. Apesar de ser comum em áreas silvestres, a transmissão do vírus ganhou força em ambientes urbanos nos últimos anos, favorecida pelo aumento do diagnóstico molecular em laboratórios espalhados por todo o país e pelo impacto das mudanças climáticas, que expandiram o habitat do vetor para novas regiões.
Os sintomas da febre Oropouche, frequentemente confundidos com os da dengue, incluem febre, dores de cabeça, dores musculares, além de erupções cutâneas. A doença ocorre quando o Culicoides paraensis infectado pica um ser humano saudável após se alimentar de um hospedeiro contaminado.
Ciclos de transmissão
O vírus se propaga através de dois ciclos principais:
- Ciclo Silvestre: envolve animais como bichos-preguiça, primatas não-humanos e, possivelmente, aves silvestres, que atuam como hospedeiros do vírus.
- Ciclo Urbano: tem os humanos como principais hospedeiros, com o Culicoides paraensis sendo o vetor predominante em ambas as situações.
A descentralização do diagnóstico, realizada em 2023, permitiu maior agilidade na identificação dos casos nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN) de todo o país. Isso, aliado às mudanças climáticas, contribuiu para o aumento da detecção da doença em regiões além da Amazônia, expandindo a preocupação com o controle do Culicoides paraensis.
