A redução da oferta de voos comerciais no Rio Grande do Norte e seus impactos na economia do estado foram tema de uma audiência pública realizada na quinta-feira (20) pela Assembleia Legislativa. O evento, intitulado “Voos para Maior Conectividade do RN: Impacto e Soluções”, foi proposto pelo deputado Ubaldo Fernandes (PSDB) e reuniu representantes do setor produtivo, do poder público e de companhias aéreas.
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O parlamentar abriu o debate destacando a diminuição expressiva no número de voos para Natal e Mossoró, alertando para os prejuízos ao turismo, ao comércio e à mobilidade da população. “O turismo é um dos principais motores da nossa economia. Sem uma conectividade aérea eficiente, o Rio Grande do Norte perde investimentos, empregos e oportunidades de crescimento”, pontuou Ubaldo.
Cenário e desafios
O presidente da Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur), Raoni Fernandes, apresentou dados sobre o setor e indicou que, apesar de um crescimento de 4% na oferta de voos no primeiro trimestre de 2025, ainda há desafios a serem superados. Ele citou os avanços nas conexões internacionais, como o aumento de voos vindos de Lisboa (Portugal) e Buenos Aires (Argentina), mas enfatizou a necessidade de melhorias na malha aérea regional.
O grande entrave, segundo Raoni, está na situação do Aeroporto Dix-Sept Rosado, em Mossoró, que atualmente só recebe aeronaves ATRs, modelos menores e escassos no mercado. “As companhias estão reduzindo a operação com ATRs, especialmente após o acidente da VoePass. Precisamos ampliar nossa estrutura para receber jatos maiores e conectar Mossoró aos grandes hubs nacionais”, explicou.
A expectativa é que, até setembro de 2025, o aeroporto esteja apto para operar aeronaves de maior porte, o que possibilitaria novas rotas com empresas como Gol e Latam.
Investimentos e perspectivas
O gerente do aeroporto de Mossoró, Roger Lara, representante da Infraero no debate, trouxe uma perspectiva otimista. Segundo ele, as obras de infraestrutura do terminal seguem avançando, com R$ 75 milhões em investimentos previstos, dos quais R$ 30 milhões já foram aplicados em melhorias na pista, no balizamento e na ampliação do terminal de passageiros.
“Estamos preparando o aeroporto para operar aeronaves maiores e acreditamos que, ainda neste ano, teremos essa operação viabilizada. Não há uma data exata de conclusão, mas seguimos com o planejamento para homologação até setembro”, afirmou Roger.
Debates e encaminhamentos
A audiência contou ainda com a participação dos deputados Hermano Morais (PV), Terezinha Maia (PL) e Isolda Dantas (PT). Hermano ressaltou a importância do aeroporto de Mossoró para o desenvolvimento regional, enquanto Terezinha defendeu uma discussão sobre os altos preços das passagens aéreas para o estado. Já Isolda destacou o papel da Infraero nos investimentos e reforçou a necessidade de viabilizar voos durante o Mossoró Cidade Junina, um dos principais eventos culturais do interior do estado.
“A Azul precisa criar um plano emergencial para garantir voos para Mossoró no período do Mossoró Cidade Junina. Precisamos negociar e buscar soluções urgentes”, cobrou Isolda.
Entre os encaminhamentos definidos na audiência, destacam-se:
- Criação de um grupo de trabalho multissetorial para elaborar um plano de retomada de voos;
- Estudo de um programa estadual de incentivos fiscais para estimular operações aéreas nos aeroportos regionais;
- Negociação com a Azul para viabilizar voos emergenciais para Mossoró no período do Mossoró Cidade Junina;
- Ampliação da divulgação do destino Mossoró como polo turístico e de negócios;
- Envio de ofícios à bancada federal para reforçar o diálogo com as companhias aéreas e buscar soluções de longo prazo.
Encerrando a audiência, o deputado Ubaldo Fernandes destacou a necessidade de esforços conjuntos entre o governo, o setor produtivo e a classe política para garantir avanços na conectividade aérea do estado. “Vamos buscar diálogo com a Azul e cobrar da bancada federal um compromisso com essa pauta. O Rio Grande do Norte precisa de mais voos, e essa é uma luta de todos nós”, concluiu.
