Uma alimentação inadequada pode custar minutos preciosos da sua vida saudável. A afirmação vem de uma pesquisa inédita conduzida pela USP, em parceria com a UERJ e a Universidade Técnica da Dinamarca. O estudo avaliou 33 alimentos populares no Brasil e calculou seus efeitos combinados na saúde e no meio ambiente. A frase-chave vida saudável perdida resume bem o alerta dos pesquisadores.
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A análise usou o Índice Nutricional de Saúde (Heni), que mede o tempo de vida saudável ganho ou perdido com base nas características nutricionais dos alimentos e sua frequência de consumo. Além disso, o estudo estimou o impacto ambiental dos alimentos considerando emissões de CO₂ e uso de água.
Bolacha recheada e carne suína entre os piores
Entre os itens com maior impacto negativo na saúde estão bolacha recheada, com perda de até 39 minutos de vida saudável por porção, seguida da carne suína e da margarina. Esses dados, porém, refletem o consumo habitual ao longo dos anos e não o consumo isolado, como destacou a pesquisadora Aline Martins de Carvalho, da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Por outro lado, alimentos como banana, feijão, arroz com feijão e peixes de água doce apresentaram ganhos para a saúde e menores impactos ambientais.
Desigualdade regional e desafios alimentares
A pesquisa revelou também que regiões como o Nordeste e parte da região Norte concentram os piores índices, com destaque negativo para o consumo de carne seca. Já o açaí com granola foi um dos poucos itens com resultados positivos nessas áreas.
A monotonia alimentar e o consumo reduzido de alimentos nativos refletem desafios na promoção de dietas sustentáveis e acessíveis. Conforme os pesquisadores, o agronegócio consome mais de 70% da água no Brasil, principalmente para a produção de carne bovina, enquanto a agricultura familiar, com menos recursos, é responsável por alimentos mais saudáveis e sustentáveis.
O estudo sugere que políticas públicas devem promover o acesso real e contínuo a alimentos saudáveis. Incentivar a agricultura local, respeitando a sociobiodiversidade brasileira, pode ser um passo importante para reduzir a vida saudável perdida por má alimentação.
