O setor da pesca no Rio Grande do Norte pode ser um dos mais afetados pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump já preocupa o setor produtivo potiguar, que movimenta cerca de US$ 50 milhões por ano (aproximadamente R$ 278 milhões) em exportações apenas com a pesca oceânica.
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Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Pesca do RN (SINDIPESCA-RN), Arimar França Filho, se a situação não for revertida até o fim de julho, as embarcações não sairão para pescar em agosto. “Se essa taxação não mudar, as embarcações não vão sair em agosto”, afirmou.
Além do impacto econômico, a medida pode comprometer cerca de 1 mil empregos diretos e 4 mil indiretos no estado. Os Estados Unidos representam o principal destino das exportações pesqueiras do RN, com destaque para o envio de peixes frescos e refrigerados, que geraram mais de US$ 11,5 milhões entre janeiro e junho de 2025.
A pesca oceânica está entre as cinco principais atividades industriais exportadoras do RN para os EUA, ao lado do petróleo e produtos de origem animal. Segundo a Abipesca, os EUA concentram 70% das exportações brasileiras de pescado, somando mais de US$ 240 milhões por ano.
Setor busca alternativas na Europa
Diante da ameaça tarifária, o SINDIPESCA-RN defende a reabertura do mercado europeu, fechado desde 2018. Segundo Arimar França, esse seria um caminho para reduzir a dependência do mercado americano. “A Europa é um mercado grande e que o Brasil é proibido de exportar. Abrir a Europa facilita muito nossa vida”, destacou.
O sindicato também articula, junto à FIERN, CNI, Ministério da Agricultura e Ministério da Pesca, alternativas que possam mitigar os impactos da tarifa.
Entenda o “tarifaço” dos EUA
A nova tarifa de 50% foi anunciada por Donald Trump no último dia 9 e passará a valer a partir de 1º de agosto. O Brasil havia sido incluído anteriormente em uma lista de países com tarifa recíproca de apenas 10%. A elevação, comunicada diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerou forte reação do governo brasileiro, que promete resposta via Lei de Reciprocidade Econômica.