A decisão do governo norte-americano de aplicar um tarifaço dos EUA sobre todos os produtos importados do Brasil acendeu o alerta no agronegócio nacional. Com a taxação de 50%, o impacto direto nas exportações pode afetar setores estratégicos como o de suco de laranja, café, carne bovina e frutas frescas. O alerta foi feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
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Segundo o Cepea, o suco de laranja lidera a lista dos produtos mais vulneráveis. Atualmente, o item já sofre uma tarifa de US$ 415 por tonelada ao entrar nos Estados Unidos. Com o novo imposto adicional, os custos aumentariam drasticamente, reduzindo a competitividade do produto brasileiro. Isso ocorre em um momento de safra recorde no estado de São Paulo e Triângulo Mineiro, com 314,6 milhões de caixas previstas para 2025/26.
Além disso, o café também pode enfrentar sérias dificuldades. Os EUA importam cerca de 25% do café brasileiro, especialmente da variedade arábica. Como o país não produz o grão, a elevação das tarifas poderá afetar toda a cadeia de torrefação e distribuição norte-americana.
Carne e frutas frescas também estão em risco com o tarifaço dos EUA
No setor da carne bovina, os Estados Unidos ocupam a segunda posição entre os maiores compradores do produto brasileiro, atrás apenas da China. Em meses recentes, o volume exportado ultrapassou 40 mil toneladas. Agora, com o tarifaço dos EUA, frigoríficos avaliam redirecionar os embarques para mercados alternativos.
No caso das frutas frescas, a manga e a uva são as mais afetadas. Isso porque o calendário de exportação coincide com o início das tarifas. Como resultado, produtores já adiaram embarques, aguardando uma definição sobre o cenário tarifário.
Conforme avaliação do Cepea, os produtos que perderem espaço nos EUA poderão ser destinados a outros mercados, como a União Europeia. No entanto, essa redistribuição tende a pressionar o mercado interno e reduzir os preços pagos aos produtores brasileiros.
Assim, o Cepea reforça que é fundamental uma ação diplomática urgente para reverter ou excluir os produtos agroalimentares brasileiros do tarifaço. “Essa medida é estratégica não apenas para o Brasil, mas também para os Estados Unidos, que dependem do nosso fornecimento para manter sua segurança alimentar”, afirma o órgão.