O Espírito Santo lidera o número de infecções com 6.318 casos. O estado ultrapassou regiões historicamente afetadas pela doença, mesmo estando a quase 3 mil km da Amazônia. O vírus, transmitido pelo mosquito maruim (Culicoides paraensis), encontrou terreno fértil em áreas úmidas, de plantio e com matéria orgânica em decomposição.
Segundo o Ministério da Saúde, cinco pessoas já morreram neste ano em decorrência da doença. Quatro óbitos ocorreram no Rio de Janeiro e um no Espírito Santo. Outras duas mortes ainda estão sob investigação.
Anúncio. Rolar para continuar lendo. Febre oropouche se espalha por áreas de risco
Além disso, a febre oropouche causa sintomas semelhantes aos da dengue e da chikungunya, como febre alta, dores musculares e de cabeça. No entanto, o risco se intensifica para gestantes, pois a doença pode provocar malformações, microcefalia e até a morte fetal, conforme alertam especialistas.
Felipe Naveca, pesquisador da Fiocruz, aponta que o surto atual está ligado a uma nova linhagem do vírus, surgida no Amazonas. Essa variante se espalhou por áreas de desmatamento recente no Sul do Amazonas e Norte de Rondônia, atingindo estados mais distantes por meio de pessoas infectadas que viajaram antes de apresentar os sintomas.
Conforme estudos recentes, fatores climáticos — como as mudanças na temperatura e na chuva — contribuíram em 60% para a disseminação da doença, com destaque para os efeitos do El Niño.
Estados do Sudeste e Nordeste reforçam ações
No Espírito Santo, a Secretaria de Saúde explica que as características periurbanas de muitos municípios e a movimentação de trabalhadores durante a colheita do café facilitaram a propagação do vírus. Diante disso, o estado intensificou o treinamento dos profissionais de saúde e dos agentes comunitários.
Anúncio. Rolar para continuar lendo. No Ceará, o avanço da doença foi notado entre 2024 e 2025, passando de distritos rurais para áreas urbanas como Baturité. O estado já registrou a morte de um feto por infecção da mãe e trabalha no manejo clínico e vigilância laboratorial, especialmente com gestantes.
Enquanto isso, o Ministério da Saúde realiza estudos sobre o uso de inseticidas em parceria com a Fiocruz e a Embrapa. Os resultados preliminares são promissores, mas ainda exigem cautela. A recomendação inclui o uso de roupas compridas, telas de proteção e eliminação de matéria orgânica acumulada.