Em semana decisiva, uma missão oficial do Senado deu início, nesta segunda-feira (28), a uma série de reuniões em Washington (EUA) para tentar barrar a tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros. O chamado “tarifaço” está previsto para começar já em 1º de agosto e afeta setores estratégicos da economia nacional.
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Os senadores foram recebidos na residência oficial da embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti. Também participaram do encontro representantes do Itamaraty, da embaixada e o ex-diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo. Durante a tarde, a agenda continuou com reuniões na Câmara Americana de Comércio.
Na terça-feira (29), a missão terá encontros com seis parlamentares americanos, além de outras lideranças ainda em negociação. O presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelsinho Trad (PSD-MS), que coordena a comitiva, destacou o pragmatismo da abordagem brasileira.
“Vamos mostrar o impacto real da tarifa de 50% dos EUA sobre os estados americanos. É uma perda para todos”, afirmou Trad. Ele reforçou que a missão visa distensionar as relações entre os dois países e estimular o diálogo entre os executivos.
Segundo a embaixadora Viotti, o diálogo com o governo dos EUA começou em março, quando foi criado um grupo técnico bilateral. O Brasil apresentou dados que mostram que sua média tarifária efetiva é de apenas 2,7%.
Mesmo assim, em 9 de julho, o ex-presidente Donald Trump enviou carta ao Brasil confirmando a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras. A justificativa seria uma suposta perseguição judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe.
Investigação contra Pix e pressão interna
O governo americano também iniciou uma investigação sobre práticas comerciais consideradas desleais, como o uso do Pix e serviços digitais que, segundo eles, prejudicam empresas como Visa e Mastercard.
Ainda assim, 11 senadores democratas enviaram uma carta a Trump pedindo o fim da medida, classificando o tarifaço como abuso de poder.
Setores mais afetados
Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 30 segmentos exportam pelo menos 25% da produção para os EUA. Os mais afetados serão:
Tratores e máquinas agrícolas: queda de 23,6% na exportação;
Aeronaves e embarcações: queda de 22,3% na exportação;
Carnes de aves: redução de 11,3% na exportação.
Alckmin e Itamaraty tentam solução diplomática
O vice-presidente Geraldo Alckmin lidera esforços diplomáticos, enquanto o chanceler Mauro Vieira está nos EUA para agenda na ONU e também participa das tratativas. Para Roberto Azevêdo, o momento é uma oportunidade estratégica para repensar relações comerciais com os EUA. “Não podemos desperdiçar essa mobilização”, afirmou o ex-diretor da OMC.
