O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que o combate ao crime organizado deve ir além das operações policiais. Durante entrevista coletiva na última sexta-feira (31), em São Paulo, o ministro destacou que “é preciso asfixiar as fontes de financiamento” das organizações criminosas para obter resultados efetivos.
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Segundo Haddad, apenas prender líderes ou cumprir mandados não é suficiente. “Se não asfixiar o financiamento do crime organizado, não vai dar certo. Temos que entrar por cima, combatendo os CEOs do crime, os que movimentam o dinheiro”, afirmou.
Haddad quer endurecer contra o crime organizado
O ministro ressaltou que o verdadeiro comando das facções, muitas vezes, está longe das comunidades. “O verdadeiro bandido está em outro país, usufruindo da riqueza acumulada ilicitamente e aliciando jovens. Precisamos atuar em todas as camadas do crime”, destacou.
A declaração ocorre na mesma semana em que uma operação policial no Rio de Janeiro, voltada contra o Comando Vermelho, resultou em mais de cem mortes e forte repercussão internacional. Para Haddad, o foco deve ser estratégico: cortar o fluxo de recursos que sustenta essas redes.
Durante a entrevista, o ministro também fez um apelo ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para que o partido aprove a lei do devedor contumaz. Essa legislação torna mais rígidas as regras contra empresas e pessoas que utilizam a inadimplência fiscal como modelo de negócio. “O devedor contumaz é, na verdade, um sonegador que abastece o crime organizado”, afirmou.
Além disso, Haddad destacou uma nova instrução normativa da Receita Federal que obriga os fundos de investimento a divulgarem os CPFs dos beneficiários. A medida, segundo ele, amplia a transparência e dificulta esquemas de lavagem de dinheiro. “Agora vamos saber exatamente quem está por trás dos fundos, se é um laranja, um residente ou um não residente”, explicou.
Operação Fronteira
Os resultados da Operação Fronteira, encerrada nesta sexta-feira (31), também foram apresentados. Iniciada em 22 de outubro, a ação mobilizou diversos órgãos federais e estaduais para combater contrabando, tráfico e descaminho em 20 estados.
Em quinze dias, a operação prendeu 27 pessoas, apreendeu mais de 3 toneladas de drogas, 213 mil litros de bebidas adulteradas e retirou de circulação R$ 160 milhões em mercadorias ilegais. Segundo Haddad, “não houve tiroteio nem mortes, o que mostra que é possível agir de forma coordenada e eficaz”.
Além da Receita Federal, participaram do trabalho o Exército, a Marinha, as Polícias Federal, Rodoviária e Civil, além de órgãos de fiscalização como Ibama, Anvisa e Anatel.






















































