A medição de audiência da televisão brasileira voltou ao centro do debate após a venda da Kantar Mídia para a HIG Capital, fundo de private equity dos Estados Unidos. A negociação, que movimentou 1 bilhão de dólares, ampliou as dúvidas sobre transparência, precisão dos dados e impactos no mercado publicitário. Além disso, especialistas apontam que o sistema usado no país já era considerado ultrapassado antes mesmo da mudança de controle.
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Medição de audiência sob questionamento
A Kantar, antiga Ibope, monopoliza há décadas a análise de comportamento televisivo no Brasil. Por outro lado, a empresa enfrenta críticas constantes sobre a pouca clareza dos procedimentos de coleta e a falta de auditoria independente. Segundo fontes do setor, a companhia utiliza apenas 6 mil aparelhos para medir o consumo de TV em um país com mais de 213 milhões de habitantes. Além disso, o levantamento ignora exibições simultâneas das emissoras em plataformas digitais, um hábito crescente entre os brasileiros.
A venda para o fundo norte-americano ampliou o receio de concentração de mercado. Em contraste com modelos internacionais mais avançados, o sistema brasileiro permanece restrito e lento. Profissionais de comunicação alertam que a ausência de concorrência compromete a capacidade de aferir resultados reais, impactando emissoras, agências e anunciantes.
A metodologia também gera incerteza sobre a inclusão de dados digitais. Conforme especialistas, o repasse de informações do YouTube à Kantar não passa por auditoria externa, o que fragiliza ainda mais a confiabilidade do processo. Além disso, pesquisadores lembram que qualquer estudo estatístico possui margem de erro, mas reforçam que amostras robustas e transparentes reduzem distorções.
O novo cenário promete mudanças, porém ainda levanta dúvidas. A HIG Capital afirma que pretende ampliar a independência da operação, mas evitou comentar detalhes. Já a Kantar não respondeu aos contatos feitos pela reportagem. Enquanto isso, o mercado segue atento à evolução desse modelo de medição de audiência, considerado decisivo para investimentos publicitários e estratégias das emissoras.






















































