O Brasil aparece na última posição entre 43 países no ranking global de participação feminina em empregos ligados à tecnologia avançada. A desigualdade de gênero IA chama a atenção justamente num país que se destaca na adoção de soluções digitais. Além disso, o estudo da Fundação Getúlio Vargas evidencia que o crescimento no setor não tem sido acompanhado por inclusão proporcional. Ainda assim, especialistas apontam que o problema pode ser enfrentado com ações contínuas e políticas de incentivo.
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Desigualdade de gênero IA é desafio estrutural
Embora o setor de tecnologia avance rapidamente, o ambiente permanece majoritariamente masculino. No entanto, relatos de profissionais mostram que mudanças começam a surgir. A analista de sistemas Susi Moreno observa esse contraste no dia a dia. Ela atua como uma das poucas mulheres em sua equipe e destaca que o cenário ainda impõe barreiras importantes. Por outro lado, percebe que novas gerações já encaram a área com mais naturalidade.
Os números refletem essa realidade. Apenas 15% da equipe da empresa em que Susi trabalha é formada por mulheres. O CEO Bira Padilha aponta que estereótipos ajudam a sustentar o desequilíbrio. Segundo ele, ainda existe a ideia equivocada de que trabalhar com IA exige “ser nerd” ou afinidade extrema com cálculos. Depois disso, reforça que o setor é mais amplo e depende de dedicação, criatividade e capacidade de resolver problemas.
Além disso, o relatório mostra que, apesar do aumento de 200% na participação feminina entre 2016 e 2024, o avanço masculino foi maior, chegando a 258%. Em contraste, países como Arábia Saudita, Lituânia, Grécia e República Tcheca aparecem entre os que mais reduziram a diferença.
A Associação Brasileira de Inteligência Artificial reforça que o problema começa bem antes do mercado. Antes disso, a vice-presidente Elaine Coimbra explica que meninas recebem menos estímulo para áreas de exatas e, como resultado, acabam afastadas de cursos como engenharia e ciência da computação.
Ainda assim, exemplos positivos surgem e inspiram mudanças. A gerente de projetos Renata Oliveira acredita que equipes diversas tomam decisões melhores. Ela afirma que a combinação de diferentes perspectivas fortalece resultados e amplia a criatividade. Assim, Renata defende que o avanço tecnológico precisa ser acompanhado de inclusão real.
