A vacina contra dengue produzida pelo Instituto Butantan começará a ser ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2026. O contrato para a aquisição das primeiras doses foi assinado nesta sexta-feira (19) pelo Ministério da Saúde. O imunizante é o primeiro do mundo de dose única contra a dengue, com produção 100% nacional, e será distribuído exclusivamente pela rede pública.
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Investimento inicial e entrega das doses
O acordo prevê investimento de R$ 368 milhões para o fornecimento inicial de 3,9 milhões de doses. No ato da assinatura, 300 mil doses já foram embaladas para entrega imediata ao Ministério da Saúde.
Esse lote faz parte de um total de 1,3 milhão de doses já produzidas, que serão destinadas prioritariamente aos profissionais da Atenção Primária à Saúde, incluindo agentes comunitários, agentes de combate às endemias, enfermeiros, técnicos e médicos que atuam na linha de frente do SUS.
A estratégia deve começar no fim de janeiro de 2026.
Vacinação começa em municípios-piloto
Com a chegada das doses, o Ministério da Saúde adotará uma estratégia de avaliação do impacto do imunizante na dinâmica da dengue.
Para isso, será realizada uma ação de aceleração da vacinação em dois municípios-piloto: Botucatu (SP) e Maranguape (CE). O público-alvo será formado por adolescentes e adultos de 15 a 59 anos. Uma terceira cidade, Nova Lima (MG), poderá ser incluída.
O público prioritário foi definido após recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento de Imunização (CTAI).
Proteção contra os quatro sorotipos
A nova vacina é capaz de proteger contra os quatro sorotipos da dengue. Por ser de dose única, o esquema vacinal é mais simples, o que facilita a adesão e amplia a proteção da população.
O registro do imunizante foi concedido pela Anvisa em 8 de dezembro.
Segundo estudos, a vacina apresenta 74,7% de eficácia contra dengue sintomática em pessoas de 12 a 59 anos e 89% de proteção contra formas graves e com sinais de alarme.
Produção pode aumentar até 30 vezes
A ampliação da vacinação em toda a população dependerá do aumento da produção. Para isso, foi firmada uma parceria estratégica entre Brasil e China, com transferência da tecnologia desenvolvida pelo Instituto Butantan para a empresa chinesa WuXi Vaccines.
Com a cooperação internacional, a produção da vacina nacional poderá crescer até 30 vezes.
A estratégia prevê início pelos adultos a partir de 59 anos, com ampliação gradual para faixas etárias mais jovens, até alcançar pessoas a partir de 15 anos.
Investimentos e fortalecimento do SUS
O desenvolvimento da vacina contou com R$ 130 milhões em investimentos do BNDES, além de aportes permanentes do Ministério da Saúde, que destina mais de R$ 10 bilhões por ano ao fortalecimento da produção nacional de imunizantes.
Com a parceria internacional, o volume de investimentos pode chegar a R$ 15 bilhões. Pelo Novo PAC Saúde, estão previstos mais de R$ 1,2 bilhão para ampliar a capacidade produtiva do Instituto Butantan.
Cenário da dengue no Brasil
Em 2025, o Brasil registrou redução de 75% nos casos prováveis de dengue e de 72% nos óbitos, em comparação com 2024. Apesar do avanço, o Ministério da Saúde reforça que as ações de prevenção continuam essenciais.
Desde novembro, está em andamento a campanha nacional “Não dê chance para dengue, zika e chikungunya”, que orienta a população sobre medidas como eliminação de focos do mosquito, uso de repelentes e vedação de reservatórios de água.
