O segundo semestre de 2022 começou com 78% das famílias brasileiras endividadas e 29%, com algum tipo de conta ou dívida atrasada. Segundo análise da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as cifras representam os maiores percentuais de inadimplência registrados desde 2010, quando a pesquisa começou a ser realizada.
O índice de endividamento registrou aumento de 0,7 ponto percentual (p.p.) na comparação com o mês anterior e de 6,6 p.p. em relação a julho do ano passado. O percentual de comprometimento da renda, por sua vez, permaneceu no mesmo valor, em 30,4%, desde abril, mas 22% dos brasileiros estão com mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas.
“A alta dos indicadores de inadimplência, após queda nos meses de abril, maio e junho, indica que as medidas extraordinárias de suporte à renda, como os saques extras do FGTS e a antecipação do 13º salário aos beneficiários do INSS, aparentemente tiveram efeito momentâneo no pagamento de contas ou dívidas já atrasadas, concentrado no segundo trimestre deste ano”, analisa o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Conforme os dados, em julho, 85,4% dos brasileiros contabilizaram dívidas no cartão de crédito, queda significativa quando comparado com o mês de abril (88,8%). O número de financiamento de automóveis ou da casa própria também registrou baixa, sobretudo devido ao aumento dos juros, com apenas 10,6% de pessoas pagando prestações de carro e 7,6%, de imóveis.
A aceleração do endividamento ocorreu de forma semelhante nas duas faixas de renda pesquisadas. Para as famílias que recebem mais de 10 salários mínimos por mês, por exemplo, a contratação de dívidas voltou a subir (0,8%) depois de dois meses de redução. Entre os que recebem até 10 salários, o endividamento cresceu em 0,6%. A maior parte (87%) dos endividados são consumidores com até 35 anos.
Fonte: SBT News