A Cúpula dos Povos terminou neste domingo (16) com um apelo firme do cacique Raoni Metuktire para que a defesa da vida e da natureza siga adiante. O líder indígena lembrou que, há décadas, alerta o mundo para a destruição ambiental e para as ameaças aos povos originários. Além disso, ele enfatizou que as mudanças climáticas e os conflitos globais exigem união e persistência.
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Durante o encerramento, Raoni pediu que todos mantenham a resistência ativa, especialmente contra aqueles que, segundo ele, “querem destruir a nossa terra”. Conforme destacou, somente com respeito, paz e solidariedade será possível enfrentar os desafios climáticos e sociais que avançam rapidamente sobre diferentes territórios.
Cúpula dos Povos e críticas às soluções climáticas
No ato final, os organizadores apresentaram uma carta que critica o que classificam como “falsas soluções” para a crise climática. Segundo o documento, o internacionalismo popular e a troca de experiências entre povos fortalecem as respostas reais aos problemas que atingem comunidades em todo o mundo. Além disso, o texto defende que as políticas climáticas considerem os saberes ancestrais como referência central.
O documento foi entregue ao presidente da COP30, André Corrêa do Lago, que prometeu levar as reivindicações às reuniões de alto nível. Ainda conforme a carta, o feminismo ocupa papel estratégico no enfrentamento da crise, já que coloca o cuidado e a reprodução da vida acima da lógica econômica de lucro e acumulação.
A carta também aponta o capitalismo como principal motor da crise climática. Em contraste com discursos oficiais, os participantes afirmam que empresas transnacionais e setores como mineração, agronegócio e energia contribuem diretamente para a intensificação do colapso ambiental. Além disso, o texto pede demarcação de terras indígenas, incentivo à agroecologia, fim dos combustíveis fósseis e maior participação dos povos nas decisões climáticas.
Guerras, imperialismo e defesa dos povos
Embora o foco principal fosse o clima, a carta também condena guerras, o avanço do fascismo e ações consideradas imperialistas. O documento expressa apoio à Palestina e critica bombardeios israelenses, além de denunciar intervenções militares dos Estados Unidos no Caribe. Segundo os participantes, tais ações ameaçam povos e reforçam desigualdades históricas.
Além disso, a cúpula manifestou solidariedade a diversos países e movimentos que enfrentam violações, da Venezuela ao Sahel. Certamente, o evento deixou claro que a defesa do clima está conectada a lutas sociais e políticas mais amplas.
Participação popular marca os cinco dias de debates
Ao longo dos cinco dias, a Cúpula dos Povos reuniu dezenas de milhares de participantes — indígenas, quilombolas, pescadores, trabalhadores urbanos, movimentos internacionais e comunidades tradicionais. Em paralelo à COP30, o evento cobrou maior participação popular nas decisões climáticas. Conforme mencionado anteriormente, países ricos foram criticados por omitirem compromissos essenciais para limitar o aquecimento global a 1,5°C.
As mobilizações incluíram uma barqueata pela Baía do Guajará e a Marcha Mundial pelo Clima, que levou cerca de 70 mil pessoas às ruas de Belém. Além disso, o encerramento teve um grande “banquetaço” na Praça da República, com distribuição de alimentos e apresentações culturais abertas ao público.






















































