Uma proposta de decreto para instaurar estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi encontrada na residência do ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres. O documento foi encontrado pela Polícia Federal no armário do ex-ministro durante busca e apreensão realizada na última terça-feira (10), mas somente divulgado nesta quinta-feira (12). As informações foram divulgadas pela Folha de São Paulo e confirmada pelo SBT.
O objetivo do documento, segundo o texto, era reverter o resultado da eleição, em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor, no segundo turno no dia 30 de outubro de 2022. Tal medida seria inconstitucional.
A investigação ainda está averiguando se o documento foi feito antes ou após a realização das eleições e teria objetivo de apurar abuso de poder, suspeição e medidas ilegais adotadas pela presidência e por membros do tribunal antes, durante e depois do processo.
O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, já teve prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última terça-feira. Ele assumiu o comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal no dia 2 de janeiro e viajou de férias aos Estados Unidos cinco dias depois.
Ele não estava no Brasil no domingo (8), quando bolsonaristas atacaram os prédios do STF, Congresso e Palácio do Planalto. A Polícia Federal deve cumprir a prisão no momento da chegada de Torres ao Brasil, que até então estava prevista para o fim do mês.
Outro lado
Anderson Torres se pronunciou, na tarde desta quinta-feira (12), por meio das redes sociais. Segundo ele, a minuta seria descartada e triturada.
“Havia em minha casa uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado. Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP. O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim. Fomos o primeiro ministério a entregar os relatórios de gestão para a transição. Respeito a democracia brasileira. Tenho minha consciência tranquila quanto à minha atuação como Ministro”, completou.
Demissão
Com o fim do Governo Bolsonaro, Anderson Torres voltou a ser secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, mas foi exonerado depois dos atos golpistas em Brasília.
O ministro do STF Alexandre de Moraes decretou a prisão de Torres, suspeito de ter sido conivente com os atos. O ex-ministro está nos Estados Unidos, nega envolvimento ou complacência com os atos e disse que vai retornar ao Brasil e se apresentar à Justiça. Ele está com voo confirmado para retornar nesta sexta-feira (13).
