O IBGE divulgou uma atualização dos indicadores que medem a qualidade de vida da população brasileira. Divulgados pela primeira vez em 2021, com dados da última edição da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), de 2017-2018, o Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS) avalia o progresso socioeconômico a partir da renda e o Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV) identifica as privações que as pessoas enfrentaram. Agora, os cálculos foram estendidos para as informações da edição anterior da pesquisa (2008-2009). Vale ressaltar que a análise temporal apresentada aqui tem natureza experimental, por contemplar estatísticas novas e que ainda estão em fase de teste e sob avaliação.
Nos períodos analisados, 2008-2009 e 2017-2018, o Rio Grande do Norte, assim como todas as outras Unidades da Federação do Brasil, tiveram aumento na qualidade de vida e bem-estar, medido pelo Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS). No estado potiguar, o valor do IDS evoluiu de 4,723 em 2008-2009 para 5,583 em 2017-2018, uma variação de 15,4%, acima da nacional de 12,8%.
Embora a variação no índice tenha sido acima da média nacional, o Rio Grande do Norte ainda faz parte dos estados que têm os índices abaixo do IDS nacional que em 2017-2018 foi de 6,147. Atualmente, o estado figura na 16ª posição no ranking de maior ao menor IDS. O maior IDS é o do Distrito Federal (6,923) e o menor é o do Maranhão (4,841).
O índice de desempenho socioeconômico foi calculado como: IDS = A.(1-IPQV) sendo que A é um indicador de desempenho econômico que registra a renda disponível familiar per capita, a RDFPC. Esse indicador econômico mostra qual a disponibilidade de recursos da sociedade e a importância dos ganhos de produtividade para o desenvolvimento.
Já o IQPV mensura a perda de qualidade de vida da sociedade, ou seja, os efeitos das dificuldades que as famílias têm para transformar os seus recursos e aquisições de bens e serviços em qualidade de vida. Esse índice alcança temas como bem-estar, desigualdade, exclusão social e pobreza e traz recortes variados, segundo as características das pessoas de referência das famílias (cor ou raça, sexo, idade) e renda.
Elaborados a partir de nove temas, os indicadores para essa mensuração incluíram as seguintes dimensões: (1) Moradia; (2) Acesso aos serviços de utilidade pública; (3) Saúde e alimentação; (4) Educação; (5) Acesso aos serviços financeiros e padrão de vida; e (6) Transporte e lazer. Quanto maior o valor do IPQV, menor será o valor do IDS. A moradia abrange indicadores sobre a estrutura do domicílio, vizinhança e condições ambientais (ex: poluição).
Os serviços de utilidade pública abrangem eletricidade, esgotamento sanitário, água e coleta de lixo. A saúde e alimentação abrangem insegurança alimentar, acesso aos serviços de saúde e medicamentos assim como a avaliação da saúde e alimentação. A educação abrange a frequência e o atraso escolar assim como a avaliação da educação.
O acesso aos serviços financeiros e padrão de vida abrangem a posse de bens duráveis, conta em banco assim como a dificuldade de pagar as contas do dia a dia. O lazer e transporte abrangem o equilíbrio no uso do tempo em atividades do dia a dia como o transporte para o trabalho, as jornadas de trabalho assim como a avaliação do transporte e do lazer.
Para o Rio Grande do Norte, a evolução do IQPV do período analisado apresentou um aumento de 28%, passando de 0,282 em 200-2009 para 0,203 em 2017-2018. Isso quer dizer que houve uma melhora na qualidade de vida dos potiguares, em razão de menos perdas nas dimensões que contribuem para a qualidade de vida e bem-estar. Nacionalmente, o IQPV teve uma retração de quase 30%, ficando em 0,157. Quanto menor o índice, menor a perda de qualidade de vida.
Educação passa a ser dimensão com maior impacto negativo no IDS do Rio Grande do Norte
É possível analisar como as mudanças em cada aspecto da qualidade da vida (Moradia, Serviços de utilidade pública, Saúde e alimentação, Educação, Acesso aos serviços financeiros e padrão de vida, Transporte e lazer) impactam no resultado do IDS por meio da observação de suas contribuições para a soma dos efeitos marginais que provocam. O efeito marginal mede o impacto ou importância da dimensão. Assim, nas dimensões com maiores contribuições, as perdas de qualidade impactam mais negativamente o IDS.
Em 2017-2018, Educação e Acesso aos serviços financeiros e padrão de vida foram as categorias que tiveram mais importância na composição dos efeitos marginais para o IDS do Rio Grande do Norte com percentuais de 19,3% e 18,8%, respectivamente.
Os mesmos indicadores também foram os mais impactantes para o IDS Brasil, ambos ficando em torno de 19% nacionalmente. Já Acesso aos serviços de utilidade pública representou 17%, seguido de Saúde e alimentação com 16,1%, Moradia com 15,1% e Transporte e Lazer com 13,7% do total dos efeitos marginais observados no resultado do IDS. Em 2008-2009, o maior impacto negativo do IDS potiguar era a categoria de Transporte e Lazer que chegou a contribuir com 22,8% do índice.






















































