No Norte e Nordeste, o cenário é ainda mais preocupante: 63,4% e 62,7% de todo lixo produzido nas duas regiões, respectivamente, foram descartadas inadequadamente. Os dados, que compõem o relatório da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente, refletem uma realidade que a Nilza vive todos os dias. Sem coleta adequada, a frente da casa dela, em Belém, no Pará, fica tomada de lixo – e sobra para ela limpar.
“Não tem jeito aqui. O lixeiro não passa, os vizinhos não têm consciência, e fica desse jeito a minha frente. Aí é necessidade de limpar. Está horrível a nossa cidade”, observa a moradora. Belém vive uma crise na destinação do lixo. O único aterro sanitário do estado, que recebe resíduos da capital paraense e de outros dois grandes municípios da região metropolitana, está com a capacidade esgotada. Ainda assim, o espaço teve funcionamento prorrogado pela justiça, até fevereiro de 2025.
Os moradores denunciam os impactos que o aterro trouxe à região. “Não podemos beber essa água. Eu pelo menos gasto R$ 8, R$ 9, para comprar um garrafão de água aqui, e tenho três crianças aqui em casa”, relata Enielza.
Para o doutor em Engenharia Ambiental, Paulo Pinho, é preciso que a região tenha políticas de resíduos e invista em tecnologia para resolver o problema. “Hoje, a região Norte, que é a detentora da região mais rica em recursos naturais do planeta, socialmente e ambientalmente falando, é a mais pobre do Brasil. Precisamos de tecnologia para poder resolver o problema da região metropolitana de Belém, e já existem essas tecnologias, por exemplo, CDR, que são combustíveis derivados a partir de resíduos gerados no próprio lugar”, explica o especialista.
SBT News
