Um ano e meio após a Operação Carteiras, deflagrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte, uma advogada presa na operação conversou com o repórter Rogério Fernandes e afirmou ter sido vítima de fraude. Mona Lisa Amélia Albuquerque de Lima ficou presa por sete meses no Quartel Geral da Polícia Militar e mais um mês em casa, em prisão domiciliar, após passar por uma cirurgia.
A advogada e outros colegas foram acusados de integrar uma organização criminosa que atua dentro e fora de unidades prisionais do Rio Grande do Norte, estabelecendo a comunicação dos chefes de organizações criminosas com outros integrantes que estão nas ruas por meio de troca de mensagens.
“Sempre tive a plena certeza de que eu iria comprovar que a Operação Carteiras foi deflagrada de uma maneira totalmente nula, porque nenhum ilícito foi encontrado, nenhum ilícito foi apreendido. A interceptação telefônica do meu aparelho foi encerrada sem que nenhum conteúdo ilícito fosse transmitido ou recebido.”, conta.
Segundo Mona Lisa, nenhum material foi apreendido através das buscas e apreensão e o Ministério Público não chegou a comprovar que, realmente, teria acontecido a troca de mensagens. “Não houve investigação prévia, não houve campana, não houve foto. Não houve nada. Não houve troca de bilhete, não houve recado.”, revelou.
“Tudo que existe contra mim na Operação Carteiras são supostos diálogos apresentados pelo GAECO [Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado], como se fossem conversas de WahtsApp. Qual a origem desses diálogos? Quem foi que forneceu? Eu estou afirmando que não é meu!”, relata.
A advogada chegou a contratar um perito em criptografia. Segundo ele, nem mesmo o WhatsApp tem acesso às conversas. “Existe uma tecnologia no WhatsApp que se chama criptografia de ponta a ponta, onde apenas o remetente e o destinatário tem o acesso total das mensagens que são trocadas.”, explica o perito Mateus Lopes, acrescentando que nem mesmo os prints das conversas podem ser utilizados como prova judicial, já que podem ser manipulados digitalmente.
“O tempo não vai voltar. O constrangimento que eu já passei não vai voltar. A destruição que causaram na minha vida não vai voltar. Quem é maior na minha vida é Deus e é por Ele que eu continuo de pé. Ter saúde mental para enfrentar uma situação dessa e ser acusada daquilo que eu não fiz e ainda ter forças para investigar a minha própria situação não foi fácil. A profissão da advocacia não para covardes, e eu não sou covarde.”, conclui Mona Lisa.
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Veja a reportagem completa, que foi ao ar na edição desta quarta-feira (27), no Patrulha da Cidade
