O ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (União), foi o entrevistado do programa do SBT News, Perspectivas, com Débora Bergamasco. Na conversa, Moro afirmou, entre outras coisas, que “toda candidatura de centro será trincheira contra radicalismo”. Disse também que, ao conduzir os processos da Lava Jato, ele promoveu uma “ruptura com a tradição da impunidade” no país.
Ex-integrante do governo de Jair Bolsonaro (PL), Moro falou ainda sobre as interferências do chefe do Executivo na Polícia Federal (PF). Afirmou que o combate à corrupção no país foi “abandonado” durante a gestão do atual presidente e negou que sua saída do ministério tenha sido desleal a Bolsonaro. “Não vejo a PF hoje com autonomia nesse governo para investigar a grande corrupçao. Eu saí do governo e acho que tenho o dever cívico de informar o que está acontecendo, isso não é traição”, disse.
“Uma das [minhas] propostas é que a gente precisa ter um mandato de quatro anos do diretor da PF. Quando não tem isso, você vê a 4ª substituição do comando, notícias de delegado sendo transferido… Isso gera intranquilidade, porque quando um policial investiga alguém muito poderoso, seja economicamente, seja politicamente, ele tem que ter autonomia e não pode ser autonomia suicida, tem que ser autonomia que ele possa exercer seu papel e seja protegido contra eventual interferência”, argumenta o ex-ministro.
Para Moro, os responsáveis pela estagnação do combate à corrupção são também os outros Poderes, além do Executivo. “Parte do Supremo Tribunal Federal (STF) proferiu decisões que prejudicaram o combate à corrupção, por exemplo, o fim da execução em segunda instância, mandar casos de corrupção política para justiça eleitoral, soltar criminosos anulando condenações”, declarou, sem citar nomes.
O Plenário do STF decidiu, em abril deste ano, anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no âmbito da Operação Lava Jato, à época, julgada por Moro. O placar foi de 8 a 3. Até que os processos sejam novamente julgados, Lula é considerado Ficha Limpa e está novamente elegível.
“Isso gera um cenário ruim para o combate a corrupção. São decisões infelizes”, disse o ex-juiz.
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