Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam quase 12 milhões de desempregados no país. Mas, ao mesmo tempo, um terço das demissões tem sido voluntárias – ou seja, gente que “pediu a conta”, de acordo com levantamento da LCA Consultores. Soa contraditório: há desemprego, mas pessoas estão largando seu trabalho. E não se trata de um movimento pontual. É que o Brasil vem experimentando o fenômeno “the great resignation”, em expansão em boa parte do planeta.
Em tradução livre, o termo significa “grande renúncia”. Na prática, reflete o seguinte: pessoas insatisfeitas não exclusivamente com o trabalho, mas com o modo de vida que levam, decidem pedir a conta. “As pessoas estão encontrando no abrir mão do emprego e tentativa de novas experiências um caminho para buscar satisfação e felicidade”, pontua o executivo Márcio Monson, fundador e CEO da Selecty, empresa curitibana de tecnologia para recrutamento e seleção.
Trata-se de um comportamento, ainda segundo Monson, bastante acentuado depois da pandemia da Covid-19. A crise fitossanitária forçou a mudança de hábitos, trouxe incertezas e medos, e fomentou reflexões. Nesse caminho, vieram decisões por rupturas, por alterar estilos de vida.
“Recentemente, foi noticiado que, nos Estados Unidos, apenas entre setembro e outubro do ano passado, 8,5 milhões de pessoas pediram demissão, sem ter outra vaga em perspectiva. E, aqui no Brasil, a constatação da LCA, de que, dos 1,8 milhão de desligamentos registrados apenas em março último, mais de 600 mil (ou 33%) foram voluntários. São dados para serem observados e acompanhados com atenção”, sublinha o executivo da Selecty.
