O Conselho Federal de Medicina (CFM) restringiu o uso de medicamentos à base de canabidiol, substância extraída da maconha e utillizada com fins medicinais. A mudança é alvo de críticas por parte de familiares, pacientes e especialistas que argumentam que as restrições podem prejudicar pessoas com diversos tipos de doenças.
A nova regra foi publicada no Diário Oficial da União no último sábado (15) e, com isso, os medicamentos à base de canabis só podem ser prescritos apenas no tratamento de epilepsia em crianças e adolescentes refratárias às terapias convencionais na Síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut e no Complexo de Esclorose Tuberosa. Outros tipos de epilepsia não podem ter prescrição do canabidiol no tratamento que exclui, também, pessoas adultas.
Na opinião da psiquiatra e pesquisadora, Mariana Muniz, a resolução do CFM está em descompasso com a produção científica que vem sendo gerada nos últimos anos. “É uma resolução que deixa outros pacientes à deriva, por exemplo, os que têm transtorno do espectro autista. dor crônica, epiléticos por outras causas, pacientes de esclerose múltipla. É muito importante que o conselho regulamente essa prática”, pondera.
O presidente da Associação Reconstruir, Felipe Farias, que reúne pacientes que necessitam do tratamento à base do canabis disse que em sua família tem duas pessoas que dependem do medicamento e acredita que a medida vai atrapalhar os tratamentos. “Muitos médicos estão com receio de prescrever canabis. Já estamos vendo pacientes com medo de ter que parar o tratamento porque estavam se dando bem”, contou.
No RN, a associação acompanha mais de 300 pacientes que fazem uso do canabis para tratamento medicinal. A expectativa é de que no Brasil o canabidiol beneficie cerca de 6 milhões de pessoas.
