Um estudo conduzido por Rislene Kátia de Sousa, durante seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDem/UFRN), teve como objetivo analisar as diferenças no mercado de trabalho do SS antes e durante a pandemia, levando em consideração as unidades da Federação que compõem a região. Para isso, a pesquisadora utilizou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-Contínua), referente ao 3º trimestre de 2019, 2020 e 2021 que captam o cenário pré-pandemia e os dois primeiros anos da crise sanitária.
Os resultados revelaram uma piora nos principais indicadores do mercado de trabalho durante a pandemia na região do Semiárido Setentrional. No 3º trimestre de 2019, cerca de 49% dessa população em idade ativa estava fora da força de trabalho. Um ano depois, com a chegada da pandemia, houve a expulsão de 1,1 milhão de trabalhadores, levando a uma taxa de participação de 43,9%. Houve uma leve recuperação no 3º trimestre de 2021 quando a taxa alcançou 48,3%, porém ainda inferior ao observado antes da pandemia. “Esses impactos aparecem principalmente no quadro socioeconômico das famílias brasileiras, que já se encontravam em situação de aumento de vulnerabilidades”, afirma a pesquisadora.
Quanto ao desemprego, a taxa de desocupação piorou em 2020 (15,4%) e se recuperou ligeiramente em 2021 (14,6%), mas ainda permaneceu em patamar mais elevado em comparação ao período anterior à pandemia (12,4%). Embora a calamidade sanitária tenha afetado toda a região, houve variações entre os estados que compõem a parte mais ao norte do semiárido brasileiro.
As microrregiões pertencentes ao Rio Grande do Norte (RN) e a Pernambuco (PE) foram as mais afetadas. De acordo com a pesquisa, os diferentes resultados no mercado de trabalho entre as unidades da Federação que compõem o SS indicam possíveis diferenças na eficácia das políticas públicas em atenuar os impactos negativos da pandemia. No entanto, estas diferenças são notáveis.
Nas microrregiões pertencentes ao RN e a PE, por exemplo, foram observados os mais elevados níveis de desemprego no 3º trimestre de 2020, com taxas de desocupação de 18,5% e 18,3%, respectivamente. Já a menor taxa de desocupação, no mesmo período, foi registrada na região do semiárido, localizada no Ceará.
Outro dado preocupante é a taxa combinada de desocupação e subocupação por insuficiência de horas trabalhadas. A microrregião do semiárido setentrional localizada no Piauí apresentou o pior cenário nesse aspecto, alcançando 36,1% no 3º trimestre de 2020. Esses resultados apontam para a necessidade de ações específicas e direcionadas para cada estado, considerando as diferenças em termos de políticas públicas que podem ter atenuado ou agravado os impactos negativos da pandemia no mercado de trabalho.
Fonte: Portal da UFRN
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