A alegria de Ana Paula após vencer em primeiro lugar uma competição de jiu-jitsu, em Natal, logo desapareceu após ela tomar conhecimento do que acontecia por trás. A menina, de 11 anos, foi vítima de preconceito por um grupo de meninos presentes no mesmo evento.
Ana Paula é portadora da Síndrome de Treacher Collins, condição hereditária em que alguns ossos e tecidos do rosto não se desenvolvem. A mãe da garota também tem a doença, e sabe bem como é conviver com o preconceito das pessoas.
“Aquele momento em que riam da minha filha foi bem difícil, não é de hoje, acontece com frequência. Desde pequena eu sei o que é o preconceito, tive que ser forte, e é bem dificil encarar o preconceito. Não desejo isso pra ninguém”, relatou emocionada Ingrid, mãe de Ana Paula.
No momento em que o grupo de uma outra academia praticava o bullying, a atleta não percebeu, mas a amiga Lívia notou a situação e foi quem tomou à frente. “Foi uma situação muito delicada, fui prestar contas antes que ela percebesse e se abalasse na hora de competir. Tomei as dores e conversei muito com eles para que revissem o que fizeram e pedissem desculpas imediatamente”.
Ana Paula relatou à repórter da TV Ponta Negra, Gislaine Azevedo, que desde muito nova passa por situações como essa. “Desde pequena passo por situações assim, sofro muito bullying. Eu não gosto de brigar com as pessoas e às vezes eu não ligo”, desabafou a garota.
A mãe da atletou fez um boletim de ocorrência na delegacia de Macaíba, na Grande Natal. “Todo mundo sabe que preconceito é crime. Já fiz o boletim, espero que isso mude e as autoridades tomem a frente, porque é um direito da minha filha e de outras pessoas, principalmente as crianças especiais”.