A figura da mãe sempre foi associada à de uma super-heroína, aquela que dá conta de tudo, que tem tudo e mantém todos equilibrados. Diante de tantos afazeres, a mãe cansa, muitas vezes chega à exaustão e, com todo o “romantismo” que a sociedade cria em torno da maternidade, muitas sentem medo de verbalizar essa sobrecarga.
É justamente no silêncio do emocional calado que habita o grande perigo. A psicóloga Marília Frutuoso, explica que é necessário enxergar e tratar os sintomas.
“A maioria de nós, crescemos ouvindo o quanto é legal ser mãe e se romantiza tanto isso, que esquecemos as demais coisas que vem com a função materna, com tudo isso, acaba se tornando difícil verbalizar o cansaço e possivelmente a exaustão, pois é colocado como algo que faz parte, e todos passam por isso. Sim, de fato é esperado que haja muitas mudanças emocionais e cada mamãe vai experienciar isso em intensidades e níveis diferentes, quando alguém fala com as melhores intenções o “aguenta firme, vai passar” a mamãe que esta experienciando um momento desafiador pode começar a se sentir impotente e culpada por estar cansada e começa a achar que é uma mamãe inferior as outras, por isso a importância de falarmos sobre isso, e naturalizar, na verdade, o acolhimento e as discussões a respeito deste assunto”, diz a psicóloga Marília.
Mas o que é o Burnout Materno?
O burnout materno é um estado de esgotamento físico, mental e emocional que afeta mães que enfrentam uma sobrecarga constante de tarefas e responsabilidades relacionadas à maternidade. A especialista explica que a condição é multifatorial, sendo assim, são vários os fatores que podem desencadear os sintomas.
“Estamos falando de uma série de desafios para quem exerce a função materna, como: privação de sono, desregulações hormonais, ainda tem o processo da amamentação. O autocuidado em alguma medida também é prejudicado. A interrupção da socialização momentânea – a mulher muitas vezes se sente sozinha – com tendência a desenvolver baixo autoestima, irritabilidade e o sentimento de culpa por sentir e vivenciar tudo isso, e se essa mãe não tiver com quem conversar sobre isso, a tendência é que intensifique ainda mais a possibilidade de desencadear o distúrbio”, enfatiza
Como identificar os sintomas?
Os sinais e sintomas podem evoluir para oscilação do humor, estresse prolongado, sentimento intenso de culpa, o corpo já começa a dar sinais como a insônia, enxaqueca, perda do apetite, baixo autoestima, entre outros. Quando esses sinais se tornam cada vez mais evidentes, é importante uma intervenção profissional.
“Além do acolhimento da família, é importante que a mulher possa ter apoio para tirar um momento do dia, mesmo que um curto período, só para ela e fazer algo que goste. E isso é tão importante quanto os cuidados com a criança. Ser cuidada para cuidar faz total diferença”, enfatiza a psicóloga.
Quando ignorado, o quadro pode evoluir para um transtorno mais grave como a depressão, além de transtorno de ansiedade generalizada (TAG), dentre outros. “Sem falar nas consequências que também pode gerar na criança que acaba absorvendo o estresse gerado dessas reações”, esclarece.
“A principal dica para a mamãe é reconhecer estas limitações, validar os sentimentos envolvidos para então aprender a se regular e principalmente se acolher, se não tiver sabendo lidar com tudo isso, porque realmente não é tarefa fácil, tudo bem procurar ajuda profissional, pois é um momento desafiador e é justamente a carga emocional e a desregulação que causa a exaustão mais intensa podendo desenvolver o Bournout”, conclui a psicóloga Marília.
Por Elane Nascimento, do Ponta Negra News