O Pantanal enfrenta uma das piores secas da história, e animais como jacarés buscam abrigo nos poucos espelhos d’água restantes. Com temperaturas que beiram os 40 graus, a estiagem severa expõe os efeitos devastadores da crise hídrica no bioma, antes conhecido por suas extensas áreas alagadas. A escassez de água está comprometendo o equilíbrio ecológico, colocando em risco a fauna e a flora da região.
O biólogo Gustavo Figueiroa alerta para os impactos negativos dessa seca prolongada. Segundo ele, os ciclos naturais do Pantanal dependem da água, e sua falta força os animais a migrarem para áreas já ocupadas, o que provoca um desequilíbrio ambiental significativo. O MapBiomas, que monitora os biomas brasileiros desde 1985, aponta que o Pantanal é o bioma que mais sofreu com a seca. A última grande cheia ocorreu em 2018, sendo 21% menor que a registrada em 1988.
Dados revelam uma redução drástica nas áreas alagadas do Pantanal. Na década de 1990, essas áreas totalizavam cerca de 7 milhões de hectares, enquanto em 2023 esse número caiu para 3 milhões. O solo seco, que outrora era coberto por água, agora serve como combustível para incêndios florestais, exacerbando ainda mais a situação crítica. Figueiroa alerta que o Pantanal corre o risco de desaparecer da forma que o conhecemos, destacando a dependência do bioma pela água.
A seca também impacta o turismo local, com pousadas como a do rio Pixaim tendo que reduzir a duração dos passeios devido à baixa navegabilidade dos rios. Para tentar minimizar os efeitos da estiagem, a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso perfurou poços artesianos ao longo da rodovia Transpantaneira. A água extraída desses poços tem sido utilizada para abastecer tanto os animais silvestres quanto o gado da região, de acordo com Paulo Abranches, gerente da Estrada Parque Transpantaneira.
