O Brasil acaba de alcançar um marco na ciência genômica. Um estudo inédito financiado pelo Ministério da Saúde identificou 8 milhões de variantes genéticas brasileiras que nunca haviam sido relatadas em outros grupos populacionais. Os dados integram o Programa Genomas Brasil e foram publicados nesta quinta-feira (15) na prestigiada revista científica Science.
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Essa descoberta lança uma nova luz sobre a diversidade genética do país e pode mudar o rumo da saúde pública. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 2,7 mil genomas completos de brasileiros foram sequenciados na primeira fase do estudo. A iniciativa, em parceria com a USP, recebeu R$ 8 milhões em investimentos.
Dentre as variantes encontradas, cerca de 37 mil podem estar associadas a doenças ou condições de saúde desfavoráveis, como obesidade e doenças cardíacas. A pesquisa identificou também 450 genes ligados a características metabólicas e 815 genes relacionados a doenças infecciosas, como malária, hepatite e tuberculose.
Diversidade genética é trunfo brasileiro
A pesquisa ainda revela que a população brasileira é uma das mais miscigenadas do mundo, com ancestralidade média de 60% europeia, 27% africana e 13% indígena. O estudo também apontou que no Nordeste predomina a ancestralidade africana, no Norte a indígena e no Sul e Sudeste a europeia.
A coordenadora do projeto, Lygia Pereira, destacou a importância do estudo: “Estamos descobrindo as cicatrizes biológicas da nossa formação como povo. A diversidade genética é nossa maior força”.
O Programa Genomas Brasil pretende sequenciar 100 mil genomas até 2026. Segundo o Ministério da Saúde, 36 mil já foram concluídos e outros 31 mil têm financiamento garantido. Esses dados devem auxiliar no diagnóstico de doenças, prever riscos e fomentar tratamentos avançados no SUS.
A expectativa é que os avanços contribuam para tornar a medicina de precisão uma realidade acessível à população brasileira, principalmente no tratamento de doenças raras, câncer e enfermidades genéticas.
