Neste sábado (15), o Papa Leão XIV entregou ao Canadá 62 itens indígenas. Em audiência com bispos canadenses, no Vaticano, o pontífice reforçou a intenção da Igreja Católica de reconhecer erros históricos contra povos originários das Américas. Além disso, o ato consolidou uma postura de continuidade em relação ao processo de reparação iniciado anos atrás.
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Papa devolve artefatos e reforça diálogo
Segundo a Santa Sé, os objetos pertenciam ao acervo etnográfico do Museu Anima Mundi, nos Museus Vaticanos. O conjunto foi formado principalmente por peças enviadas por missionários católicos entre 1923 e 1925, para uma grande exposição realizada em Roma. Contudo, organizações indígenas canadenses questionam se essas doações ocorreram de maneira voluntária, considerando o contexto de forte pressão colonial na época.
Em comunicado, Leão XIV afirmou que deseja que a devolução represente “um sinal concreto de diálogo, respeito e fraternidade”. Além disso, o pontífice declarou que os artefatos “testemunham o encontro entre a fé e as culturas dos povos indígenas”, e que o ato simboliza uma partilha eclesial relevante para ambas as partes.
O gesto dialoga diretamente com a política de reparação ampliada pelo Papa Francisco, falecido no ano passado. Antes disso, em 2022, Francisco viajou ao Canadá para pedir desculpas após a descoberta de mais de mil túmulos próximos a antigos internatos católicos. Esses centros, criados entre 1912 e 1970, tinham o objetivo de cristianizar e assimilar povos indígenas, mas acabaram marcados por abusos físicos e sexuais — um trauma que continua presente.
Além disso, a Igreja se comprometeu a doar US$ 30 milhões às famílias das vítimas, em um esforço para amenizar os danos causados por décadas de violência institucionalizada.






















































