A castanha de caju produzida em Serra do Mel (RN) conquistou reconhecimento nacional. A Revista da Propriedade Industrial publicou, nesta terça-feira (25), o registro da Indicação Geográfica (IG) da Castanha de Caju de Serra do Mel, considerada um marco para os produtores potiguares e para a cadeia da cajucultura no estado.
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O pedido foi protocolado pela Aprocastanha em julho de 2024, mas o processo teve início em 2020, quando o Sebrae RN identificou o produto como potencial candidato à IG. Desde então, o Sebrae coordenou consultorias, elaborou o caderno técnico, definiu critérios de uso e criou o símbolo distintivo.
A IG de Serra do Mel foi reconhecida na categoria Indicação de Procedência (IP), destinada a regiões que se tornaram referência na produção de um produto. O município possui 13 mil hectares destinados exclusivamente à cajucultura e recebeu, em 2022, o título de Capital da Castanha.
A gestora do Sebrae, Michelli Trigueiro, afirma que o reconhecimento formaliza uma fama que a região já possuía. “Serra do Mel é conhecida pela qualidade da castanha, pelo beneficiamento e por todo o entorno produtivo que movimenta a economia e atrai turistas”, destacou.
Sebrae estruturou toda a base técnica
Michelli lembra que o Sebrae apoiou o processo desde o diagnóstico inicial até a elaboração do símbolo da IG. “É um trabalho multidisciplinar que envolve equipe técnica, especialistas e design. É estratégico para os produtores”, afirmou.
A instituição segue fortalecendo pequenos negócios da cajucultura com capacitações, consultorias e estímulo ao cooperativismo. Para Hulda Giesbrecht, do Sebrae Nacional, a IG representa um “importante estímulo ao fortalecimento da cadeia produtiva”.
O diretor técnico do Sebrae/RN, João Hélio Cavalcanti, afirma que o selo abrirá portas. “As castanhas originárias de Serra do Mel estarão aptas a avançar para novos mercados, nacional e internacional, agregando valor comercial”, disse.
Cajucultura cresce no RN
O reconhecimento ocorre em meio à expansão da cajucultura potiguar. Segundo dados da Embrapa apresentados na Expofruit 2025, o RN foi o estado onde a cajucultura mais cresceu entre 2020 e 2024. Somente em 2024, o aumento foi de 4,5% na produção de castanha.
Hoje, o estado produz cerca de 20,8 mil toneladas, resultado de manejo qualificado, tecnologias e revitalização de pomares — ações fortemente apoiadas pelo Sebrae.
O Projeto de Cajucultura do Sebrae RN ampliou sua atuação e agora atende 600 produtores em diversas regiões, como Mossoró, Apodi, Serra do Mel e Upanema.
Produtores comemoram avanço
O presidente da Aprocastanha, João Marcos Bento, afirma que o apoio do Sebrae foi decisivo. Para ele, o selo impedirá que produtores de outras regiões usem indevidamente o nome Serra do Mel. “Isso vai fazer muita diferença no preço, no mercado e nas oportunidades de negócio”, declarou.
O anúncio do selo coincide com o início da Festa do Caju 2025, o que dá ainda mais significado à conquista. Bento adiantou que buscará o reconhecimento da castanha como utilidade pública na Câmara de Vereadores.
Brasil chega a 157 Indicações Geográficas
Com o novo reconhecimento, o Brasil passa a ter 157 Indicações Geográficas. Elas se dividem entre Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO), que exige que características do produto estejam diretamente ligadas ao meio geográfico.
Para Serra do Mel, a conquista reforça uma identidade produtiva e cultural que impulsiona a economia e dá visibilidade nacional a um produto já reconhecido pela qualidade.
