Pela primeira vez na história, o Relógio do Juízo Final, projeto que alerta as pessoas sobre o quão próximo a humanidade está de destruir o mundo com tecnologias perigosas criadas por ela própria, marca faltarem 90 segundos para a meia-noite – o momento do apocalipse. Nunca o ponteiro esteve tão próximo do horário. Ele foi reajustado de 100 segundos para 90, em grande parte, por causa da invasão russa à Ucrânia e o crescimento do risco de escalada nuclear. A mudança ocorreu nesta terça-feira (24).
O relógio foi criado em 1947. Naquele ano, marcava 7 minutos para a meia-noite. Desde então, o ponteiro foi reajustado 25 vezes. Estava em 100 segundos desde 2020. A partir de 1973, a responsabilidade de alterá-lo é do Conselho de Ciência e Segurança da organização sem fins lucrativos Boletim dos Cientistas Atômicos. O grupo é integrado por cientistas e outros especialistas “com profundo conhecimento em tecnologia nuclear e ciência do clima”. Ele se reúne duas vezes por ano para discutir os eventos mundiais e reajustar o relógio. Para fazer a alteração, os integrantes também ouvem colegas em várias disciplinas e buscam opiniões do Conselho de Patrocinadores, que possui dez ganhadores do Prêmio Nobel.
Em declaração sobre o reajuste feito na terça-feira, o Conselho de Ciência e Segurança afirma que “a guerra da Rússia contra a Ucrânia levantou questões profundas sobre como os Estados interagem, corroendo as normas de conduta internacional que sustentam respostas bem-sucedidas a uma variedade de riscos globais”. “E o pior de tudo, as ameaças veladas da Rússia de usar armas nucleares lembram ao mundo que a escalada do conflito – por acidente, intenção ou erro de cálculo – é um risco terrível. A possibilidade de que o conflito saia do controle de qualquer pessoa permanece alta”, complementa.
Influenciaram também o novo horário do Relógio do Juízo Final, por exemplo, “a considerável expansão da capacidade nuclear da China”, tida como preocupante pelo conselho porque há uma “recusa consistente em considerar medidas para aumentar a transparência e a previsibilidade” desse aumento; recorde das emissões globais de dióxido de carbono da queima de combustíveis fósseis, em 2022; e eventos “devastadores” como a pandemia de covid-19 terem deixado de ser ocorrências rarais que ocorrem uma vez por século.
Fonte: SBT NEWS
