Para fugir da dura realidade enfrentada na Venezuela, muitas famílias fugiram do país para tentar a vida em outro lugar. Como foi o caso de Misael, que decidiu atravessar a fronteira com a família e vir para o Brasil.
A saga começou em 2019, até chegar no Rio Grande do Norte, a família passou por vários estados. Atualmente Misael, a esposa e os cinco filhos, estão morando em um centro de acolhimento para refugiados e imigrantes, localizado no conjunto Santa Catarina, em Natal.
No local vivem 5 famílias que somam ao todo 25 pessoas, entre elas 14 crianças e 2 adolescentes. Todos indígenas da etnia Warao. Mas no centro de acolhimento, os venezuelanos estão vivendo em condições insalubres.
O abrigo fica no prédio que pertence ao governo do estado, onde antes funcionava uma escola. O local está bastante deteriorado, como constatou a repórter da TV Ponta Negra, Gislaine Nunes. É possível ver muita infiltração, mofo e até partes do teto estão caindo.
Ana Paula Mafra, coordenadora do serviço de proteção da Secretaria municipal de trabalho e assistência social, explicou que o centro funciona por meio de um termo de cooperação entre estado e município.
Cada família ocupa uma sala como dormitório. Nos espaços não há mobílias, nem mesmo camas. Apenas colchões que foram doados pela Semthas. A cozinha é improvisada e o banheiro é coletivo e com muita infiltração. A fossa se rompeu e está vazando dejetos, provocando muito mal cheiro.
Nos próximos dias outras nove famílias da mesma etnia serão acolhidas no centro, o que tem gerando preocupação, porque o local não tem estrutura para receber mais pessoas.
Apesar das condições precárias, os venezuelanos não querem mais voltar para o país de origem. Eles dizem que não falta comida, diferente da fome enfrentada por parentes que ficaram na Venezuela.
No centro, todas as famílias estão cadastrados em programas sociais e as crianças em idade escolar estão matriculadas. A maioria ainda pratica a mendicância nas ruas de Natal, que é chamada por eles de coleta. O dinheiro que arrecadam é enviado para os parentes que estão na Venezuela.
Segundo Ana Paula, um dos maiores desafios dos venezuelanos é a barreira da língua. A secretaria até conseguiu um convênio junto a UFRN para ensinar português aos imigrantes, mas por causa das limitações do prédio, a parceria ficou inviável.