Nesta quarta-feira (1º), os 513 deputados federais e os 27 senadores da República recém-eleitos serão empossados. No mesmo dia, o Legislativo também abrirá as disputas pelos comandos das duas Casas. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), são candidatos à reeleição. Se por um lado, a recondução de Lira parece garantida na Câmara, por outro, no Senado, o cenário está dividido. Uma das dificuldades que Pacheco encontrará para alcançar a reeleição é a nova composição da Casa que, agora, tem maioria de senadores com viés ideológico mais à direita.
“Nós estamos passando por um momento de mudança de dinâmica no Senado, por isso que o Pacheco tem mais dificuldade. Em 2018, ele ainda contava com algumas figuras históricas, do centro do Senado e também de quem tivesse um pouco mais à oposição do governo Jair Bolsonaro. Então, foi mais fácil articular”, explica Tiago Valenciano, da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep). “E agora, em 2022, novos personagens entrarão em cena. Com um novo jogo político e com vários senadores mais à direita. Por isso que a candidatura do [Rogério] Marinho cresceu tanto assim nos últimos dias, ainda que o Pacheco seja levemente favorito para ser reeleito”, diz.
No sábado (28), o Partido Liberal (PL), o Progressistas (PP) e o Republicanos formalizaram apoio ao nome do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) para presidência do Senado Federal. A aliança entre as siglas havia sido adiantada por Marinho na última quinta-feira feira (26), que espera ao menos 23 votos na disputa contra Pacheco e Eduardo Girão (Podemos-CE). Isso porque, com a nova legislatura, o PL conta com 13 senadores, o PP com seis e o Republicanos com quatro.
Para ser eleito presidente do Senado, são necessários ao menos 41 votos favoráveis. A possível eleição de Marinho seria vista como um entrave para a governabilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma vez que a Casa seria presidida pela oposição.
“Então, é primordial e fundamental que o Lula consiga vencer a eleição no Senado via Pacheco, exatamente porque o Pacheco vai conseguir fazer a ponte mais equilibrada na presidência do Senado do que o seu principal opositor, caso do Marinho, que ganhou força na candidatura nos últimos dias”, disse Valenciano, em entrevista ao programa Agenda do Poder, do SBT News, nesta seguna-feira (30).
“É mais ou menos isso o presidente da República está combinando com os parlamentos no Brasil. A ideia de manter o Pacheco é conseguir manter essa estabilidade, essa tranquilidade para conseguir passar pautas importantes daqui pra frente, porque a gente sabe que o Poder Legislativo do Brasil sempre dá a palavra final. Porém, para que essa palavra final seja satisfatória em prol do governo, é preciso ter articulação”, ressalta o cientista político.
O Partido Liberal (PL), do ex presidente Jair Bolsonaro, teve o melhor desempenho nas eleições e será a maior bancada do Congresso Nacional, a partir de 2023. Para a Câmara, a legenda conseguiu eleger 99 deputados federais e se torna a maior bancada da Casa em 24 anos. No Senado, a sigla vai ocupar 13 cadeiras. O resultado do PL foi de 8 eleitos, com isso, a bancada terá cinco senadores a mais do que na última formação.
“Por isso que a eleição do Pacheco, nesse momento, é fundamental para a sobrevivência política mais tranquila, para navegar com águas mais calmas do presidente Lula. Caso Marinho seja eleito, aí sim, a gente vai ter um mar um pouco mais turbulento”, arremata Valenciano.
Fonte: SBT News
