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Tratamento com terapia celular apresenta remissão de 80% de pacientes com câncer

Foto: Divulgação

Um avançado tratamento experimental com terapia celular, conhecido como CAR-T cell, está trazendo esperança para pacientes brasileiros que enfrentam a batalha contra o câncer. Desenvolvido pelo Centro de Terapia Celular (CTC) de Ribeirão Preto, ligado ao Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da Universidade de São Paulo (USP), o protocolo utiliza as próprias células do sistema imunológico dos pacientes para combater a doença. Resultados promissores foram observados, com cerca de 80% dos pacientes que não respondiam aos tratamentos tradicionais alcançando remissão da doença após o estudo.

O tratamento inovador teve seu início em 2014 e registrou seu primeiro caso de sucesso em 2019. Até o momento, 15 pacientes foram submetidos ao tratamento, todos obtendo resultados positivos. Dimas Covas, coordenador do CTC e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, comemora os resultados afirmando que o tratamento é “simples de explicar, mas complexo de executar”.

Dimas Covas, coordenador da pesquisa | Foto: Divulgação

Ao contrário dos tratamentos convencionais, que envolvem cirurgia e quimioterapia, a terapia celular segue a via da imunoterapia, fortalecendo o sistema imunológico dos pacientes para combater o câncer. O processo é autólogo, ou seja, as células do sistema imunológico do paciente, chamadas linfócitos T, são modificadas geneticamente em laboratório. Um receptor específico para o tumor é inserido no DNA dessas células, permitindo que elas reconheçam e destruam o câncer de forma direcionada.

Dimas Covas explica que, após a modificação genética, as células são multiplicadas em milhões e reintroduzidas no paciente. Essas células modificadas circulam pelo corpo e se ligam especificamente ao câncer, destruindo-o. Ele compara as células a um radar que só reconhece e combate o tumor. O resultado alcançado até o momento tem sido excepcional, com cerca de 80% dos pacientes que não responderam aos tratamentos convencionais alcançando remissão da doença.

Os pacientes que participaram do estudo clínico foram provenientes de instituições da USP e receberam tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). O financiamento para o desenvolvimento do tratamento envolveu diversas fontes, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

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Atualmente, o tratamento é chamado de “compassivo”, destinado a pacientes que já passaram por tratamentos tradicionais sem sucesso. O próximo passo é ampliar o estudo clínico, com um pedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para incluir mais 80 pacientes. O médico Covas ressalta a importância de introduzir o tratamento universalmente no SUS. Ele espera que o processo de aprovação seja acelerado para que o produto possa ser registrado na Anvisa. Uma fábrica já está pronta para a produção do tratamento, mas Covas estima que serão necessários cerca de R$ 100 milhões para essa próxima fase, com previsão de conclusão do estudo em aproximadamente um ano.

No âmbito comercial, em hospitais particulares na Europa e nos Estados Unidos, cada tratamento custa cerca de US$ 500 mil, aproximadamente R$ 2,4 milhões na cotação atual. No estudo clínico que será realizado, incluindo a produção, controle e despesas hospitalares, o custo será de aproximadamente R$ 1 milhão, metade do valor comercial. O acordo institucional envolve o Hemocentro de Ribeirão Preto, a USP, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e o Instituto Butantan, que será responsável pela distribuição do tratamento ao Ministério da Saúde.

A Anvisa informou que aguarda as últimas documentações dos desenvolvedores e está trabalhando para acelerar o início dos ensaios clínicos, priorizando o processo. O Ministério da Saúde esclareceu que a inclusão de novos tratamentos no SUS é avaliada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), considerando diversos aspectos. Atualmente, não há registro de pedidos de avaliação para a terapia com células CAR-T para pacientes com câncer.

Esse avanço na terapia celular traz esperança para os pacientes oncológicos no Brasil, oferecendo uma nova abordagem de tratamento que pode salvar vidas e melhorar a qualidade de vida daqueles que lutam contra essa doença devastadora.

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Fonte: SBT News

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