“Senti o peso do laudo e chorei. Mas sequei as lágrimas e fui embora em busca de outras coisas que pudessem nos ajudar a desenvolver ele melhor”. Laysla Gabrielle, 36 anos, pedagoga, mãe de dois filhos, revelou, em conversa com o Ponta Negra News, os desafios da maternidade com dois filhos autistas.
Leia também:
Amor e fé: conheça a história de superação de Amanda, mãe de 3 três filhos
Laysla percebeu os primeiros sinais de autismo no filho mais velho, Levi, quando ele tinha apenas 1 ano e 8 meses. Receber o diagnóstico, no entanto, não foi fácil para a pedagoga. Laysla conta que estava sozinha e, mesmo após passar oito anos acompanhando Levi, hoje com 14 anos, nas terapias, receber o laudo definitivo foi um choque.
“Mesmo passado todo esse tempo para sair e enfrentando tantas situações onde era visível que havia alho diferente onde denotava autismo, mesmo assim parece que doeu um pouco ouvir do médico o laudo final. Senti o peso do laudo e chorei. Mas sequei as lágrimas e fui embora em busca de outras coisas que pudessem nos ajudar a desenvolver ele melhor”, conta.
Anos depois, a história se repetiu com o filho mais novo, Lucas, de pouco mais de 3 anos. “O laudo de Lucas ainda não fechou, porém, nas terapias os profissionais já falam no transtorno do espectro autista (TEA) e já o tratam como autista”, explica, afirmando que hoje, depois da experiência com Levi, está mais preparada. “Me sinto mais forte, resistente e resiliente”, enfatiza.
Maternidade X vida profissional
Para ela, a grande batalha está em conciliar a maternidade e a dedicação à vida profissional. Os meninos participam das terapias de segunda à sexta-feira e ela trabalha nas terças, quartas e quintas-feiras. “Na maternidade, apesar de acharem que a gente dá conta de tudo, nem sempre a gente dá. A gente tenta. Tem semanas que os horários dão super certo. Sai direitinho, mas há dias que bate o cansaço, o estresse da correria. Contudo, eu vou tentando planejar a semana para ocorrer tudo no horário”, explica.
Enquanto corre durante o dia para lidar com as terapias das crianças e com o trabalho, na volta para casa, à noite, vem a jornada do lar. “Vou tentando manter a casa arrumada à noite para não acumular. No final de semana me desdobro entre descanso, limpeza e algum passeio. Eles adoram bater perna”, detalha.
E maior desafio, no entanto, está na falta de apoio, principalmente emocional. Laysla que lida com a criação dos filhos sozinha, relata que muitas vezes sente falta de alguém para ajudá-la não apenas com a jornada, mas também no apoio emocional. “Acredito que hoje me desdobrar em terapias para dois tem sido desafiador. Além de hoje entender que quem cuida também precisa ser cuidado. E como eu não posso adoecer ou ter nada, sinto falta de suporte”, desabafa.
Motivação
Mesmo diante das dificuldades, o que move a pedagoga é o amor que tem pelos filhos. “Por eles eu levanto feliz mesmo estando cansada. Arrumo forças e entusiasmo mesmo quando penso estar sem forças, porque sei que eles estão bem, qualquer pequeno avanço em casa é motivo de grande alegria. Acho que se tão somente eu puder acompanhar e ver meus filhos crescerem e serem independentes eu já estarei realizada”, comenta.