A declaração final do G20 Social, realizada sob a presidência brasileira, trouxe à tona demandas cruciais da sociedade civil, que pressiona por medidas mais ambiciosas no enfrentamento das mudanças climáticas e na redução das desigualdades. Entre os pontos de destaque, está a taxação dos super ricos como forma de financiar políticas sociais e ambientais. Para Elisabetta Recine, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), essa pauta integra as agendas de justiça climática, fiscal e alimentar, sendo fundamental para corrigir distorções tributárias e financiar ações estratégicas.
O Observatório do Clima, que reúne diversas entidades ambientalistas brasileiras, considera o tema central para o financiamento de políticas climáticas. A entidade lembra que os países do G20, responsáveis por 80% das emissões de gases de efeito estufa e da riqueza global, não podem alegar falta de recursos se não adotarem uma taxação progressiva sobre bilionários. Para pressionar os líderes globais, um protesto foi convocado para o dia 18 no Rio de Janeiro, alinhando-se à campanha “Taxa os Bi”, que busca destinar esses recursos ao combate à fome, à transição energética e à mitigação de eventos climáticos extremos.
O G20 Social, iniciado em 14 de novembro, representa uma inovação promovida pelo governo brasileiro, ao integrar a sociedade civil à programação oficial do G20. Durante três dias de atividades, organizações sociais apresentaram propostas autogestionadas, culminando em uma declaração final entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O documento será levado à Cúpula dos Líderes do G20, que acontece nos dias 18 e 19, marcando o encerramento do mandato brasileiro na presidência do grupo, que será sucedido pela África do Sul.
A taxação dos super ricos já vinha sendo discutida em julho, na Trilha de Finanças do G20, com apoio do Brasil para um imposto mínimo global. Contudo, países como os Estados Unidos defendem que a questão seja tratada individualmente por cada nação, evidenciando as resistências internas. O governo brasileiro reforça a importância do tema como um passo necessário para evitar a competição fiscal e garantir recursos para políticas públicas, reafirmando o protagonismo do país no debate global sobre justiça social e climática.