Desde abril de 2025, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) reconheceu oficialmente o diabetes tipo 5, uma nova forma da doença relacionada à desnutrição severa. O tipo 5 afeta especialmente jovens com baixo peso corporal e índice de massa corporal abaixo de 19.
Segundo a IDF, entre 20 e 25 milhões de pessoas convivem com esse tipo de diabetes no mundo, principalmente em países da Ásia e da África. Diferente do diabetes tipo 2, que está ligado ao sedentarismo e ao excesso de peso, o tipo 5 aparece em indivíduos desnutridos.
Conforme o endocrinologista Fernando Valente, diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), “é uma doença que afeta jovens com peso muito abaixo do ideal, geralmente antes dos 30 anos, e que frequentemente passam despercebidos nos diagnósticos.”
Como diferenciar o diabetes tipo 5
Embora o diabetes tipo 5 seja confundido com o tipo 1, eles têm origens distintas. O tipo 1 é autoimune e destrói as células do pâncreas rapidamente. Já o tipo 5 está associado à formação reduzida de células beta, causada por desnutrição, muitas vezes ainda na gestação ou infância.
Dois exames ajudam a distinguir os dois casos: a dosagem de anticorpos pancreáticos e a análise da reserva de insulina, medida pelo peptídeo C. No tipo 5, ainda há produção de insulina, mesmo que insuficiente, o que evita crises como a cetoacidose diabética.
Além disso, a capacidade de produção residual de insulina é o que torna o tratamento diferente e, muitas vezes, mal compreendido.
Tratamento exige nutrição completa e insulina
O endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein, alerta: “Esse tipo de diabetes está diretamente associado à desnutrição. Por isso, o uso de insulina isoladamente não é suficiente para reverter o quadro.”
Nesse contexto, o tratamento deve incluir reposição nutricional completa: carboidratos, proteínas, micronutrientes, vitaminas e minerais. Somente assim será possível controlar a glicemia e restaurar o funcionamento adequado do organismo.
Por outro lado, sem o diagnóstico correto, muitos pacientes ficam sem a orientação adequada, o que aumenta os riscos de complicações, como cegueira, amputações e doenças renais.
Reconhecimento internacional abre caminho para novas diretrizes
Durante o Congresso Mundial de Diabetes 2025, realizado em Bangkok, a IDF anunciou a criação de um grupo de trabalho internacional. A equipe irá elaborar diretrizes específicas de diagnóstico e tratamento para o diabetes tipo 5 ao longo dos próximos dois anos.
Além disso, a IDF destacou que o tipo 5 é mais frequente entre homens que vivem em áreas rurais, onde o acesso à saúde costuma ser limitado.
Acima de tudo, o reconhecimento oficial desta nova forma da doença é um passo importante para reduzir a subnotificação e ampliar o acesso a um tratamento correto e eficaz.
Com informações de Fernanda Bassette, para a Agência Einstein.