A tortura na guerra entre Rússia e Ucrânia preocupa a Organização das Nações Unidas (ONU). Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, a relatora especial Alice Jill Edwards afirmou que maus-tratos de prisioneiros fazem parte da estratégia militar usada no conflito.
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Primeiramente, a especialista destacou que colheu relatos de ex-prisioneiros, parentes e advogados. Segundo ela, vítimas ucranianas narraram abusos como choques elétricos em órgãos genitais, espancamentos, afogamento simulado e ameaças de estupro. Além disso, houve registros de fome, celas insalubres e detenções sem contato familiar.
Relatos de prisioneiros expõem métodos
Edwards, que já visitou a Ucrânia, afirmou que recebeu dezenas de testemunhos sobre práticas cruéis em áreas ocupadas pelos russos. Conforme a relatora, um detento chegou a perder 40 quilos devido à fome durante meses de prisão. Outro ponto citado foi a realização de “cerimônias de humilhação”, nas quais militares abusavam e ridicularizavam cativos.
Ainda segundo a ONU, os casos não configuram episódios isolados. Ao contrário, fazem parte de uma política organizada para extrair informações, punir apoiadores da Ucrânia e espalhar medo nas regiões ocupadas.
Por outro lado, a relatora também reconheceu denúncias de maus-tratos praticados por forças ucranianas contra prisioneiros russos. Ela defende que ambos os lados investiguem os casos e responsabilizem os culpados de forma imparcial.
Tortura é crime de guerra, diz ONU
Alice Jill Edwards lembrou que as Convenções de Genebra garantem tratamento digno a todos os prisioneiros de guerra. Assim, tortura e maus-tratos são considerados crimes de guerra e, em casos sistemáticos, crimes contra a humanidade.
Além disso, a relatora reforçou que a proibição da tortura é absoluta e não admite exceções. Logo, mesmo após um eventual acordo de paz, as violações devem ser investigadas.
